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sexta-feira, 26 abril, 2024

Como seria o mundo sem os vírus?

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O que a maioria das pessoas sabe sobre vírus, principalmente com a pandemia atual: eles matam gente. E vírus estão no mundo faz tempo – desde a epidemia de influenza de 1918, que deixou 100 milhões de mortos, até os 200 milhões que morreram de varíola só no século 20. A pandemia atual é só mais uma manifestação desses bichinhos quase invisíveis. Se alguém aparecesse nos dias de hoje com uma fórmula para exterminar não só o vírus da China, mas todos, talvez fosse eleito rei do mundo. Um senhor universal. Um semi-Deus.

“Se todos os vírus desaparecessem repentinamente, o mundo seria um lugar maravilhoso por um dia e meio, e logo morreríamos. Esse seria o resultado final”, afirma Tony Goldberg, epidemiologista da Universidade de Wisconsin-Madison, dos Estados Unidos. Segundo Tony, o mundo vive um equilíbrio perfeito e os vírus são parte desse equilíbrio – a grande maioria dos vírus faz coisas essenciais, que superam em muito as más coisas.

A grande maioria dos vírus não são agentes patogênicos para os humanos, e muitos cumprem papel importante na manutenção dos ecossistemas. Outros mantêm a saúde de organismos individuais, desde fungos e plantas até insetos e humanos. Como notícia ruim anda depressa, a maioria das pessoas não tem consciência sobre os vírus, e prefere alardear os maléficos. Só agora um pequeno grupo de cientistas – corajosos, diga-se de passagem – resolveu estudar os benefícios dos vírus, ao contrário da maioria, que só vê os malefícios. “É um pequeno grupo de cientistas que tentam dar uma visão justa e equilibrada do mundo dos vírus e mostrar que existem vírus bons”, afirma Tony.

Em termos de vírus, a Ciência ainda está engatinhando. Primeiro que nem se sabe quantos vírus existem. Já foram identificados e classificados milhares. Mas esses milhares podem ser de fato milhões. “Descobrimos apenas uma fração porque ainda não buscamos muito”, afirma Marilyn Roossinck, ecologista de vírus da Penn State University, nos Estados Unidos. Nem se tem idéia também de qual porcentagem dos vírus fazem mal ao ser humano.

Tony Goldberg cita os fagos, vírus que contaminam bactérias, e que são importantes para o mundo. O nome vem do grego – Phagein – que significa devorar. Exatamente o que eles fazem. Os fagos são os maiores predadores de bactérias. “Os fagos são os reguladores primários das populações bacterianas no oceano e provavelmente em muitos ecossistemas do planeta também. Se os vírus desaparecessem de repente, algumas populações bacterianas cresceriam desproporcionalmente, afirma ele. Eles matam 20% de todos os micróbios oceânicos, e 50% de todas as bactérias oceânica”.

Há outras teorias. Uma delas é que se não existe morte também não existe vida. Estudos em pragas de insetos mostraram que os vírus são necessários para controlar a população das espécies. Se uma cresce muito, vai aparecer um vírus para matar o excesso. Segundo essa teoria, a matança é comum entre as espécies, incluindo a humana, como mostram as pandemias. “Quando as populações se tornam muito abundantes, os vírus precisam se replicar muito rapidamente e reduzem a população, criando espaço para que tudo mais possa viver, afirma Curtis Suttle, virologista ambiental da Universidade de British Columbia. Se os vírus desaparecessem, é provável que as espécies competitivas se sobreporiam em detrimento das demais.

Cientistas também estão estudando os vírus oncolíticos, aqueles que infectam e destroem seletivamente as células cancerígenas, como um tratamento menos tóxico e mais eficiente contra o câncer. Como eles se replicam e sofrem mutações constantemente, os vírus contam com um repositório massivo de inovações genéticas que outros organismos podem incorporar. Os vírus se replicam inserindo-se dentro das células anfitriãs e sequestrando suas ferramentas de replicação. Se isso acontece em uma linha germinal (óvulos e esperma), o código viral pode passar de geração para geração e se integrar permanentemente. Quem viver verá.

Um enigma

Desde que a pandemia se instalou no mundo, uma coisa intriga médicos e cientistas – o nível de proteção de pessoas que superaram a infecção por coronavírus. O foco são os anticorpos, uma das maneiras que o sistema imunológico dos humanos usa para derrotar o vírus. E há pessoas sem sintomas que portam o vírus. Um dos maiores e mais completos estudos oferece resultados encorajadores – 100% dos infectados desenvolvem uma resposta imune celular baseada em linfócitos. O trabalho ainda é preliminar, mas foi realizado por médicos do Hospital Universitário de Tübingen (Alemanha) com 180 pessoas infectadas e 185 saudáveis não expostas ao vírus.

O interessante é que em parte dos infectados não foram detectados vestígios de anticorpos. Isso significa que, se eles tivessem feito um teste convencional, seriam contados como não infectados, mas na realidade são pessoas que passaram pela doença e também têm linfócitos de memória que devem protegê-las de novas infecções. Agora, a questão é se esses linfócitos são capazes de neutralizar o vírus. Se for assim, o novo coronavírus teria menos possibilidades de expansão entre a população.

89% dos médicos esperam segunda onda da covid

Uma apuração feita pela Associação Paulista de Medicina mostra que 89% acreditam em segunda onda no Brasil. Na linha de frente, sentimento predominante é de apreensão. Ansiedade (69,2%), estresse (63,5%) e exaustão física/emocional (49%) são relatados, além de sensação de sobrecarga (50,2%)

A Associação Paulista de Medicina faz, entre 25 de junho e 2 de julho, a terceira pesquisa sobre os problemas e carências dos médicos no enfrentamento à covid-19 e eventuais reflexos na assistência aos pacientes infectados. A amostragem contou com a participação de 1.984 profissionais de todo o país, respondendo espontaneamente a questionário estruturado on-line. Desses, 60% trabalham em hospitais ou unidades de saúde que assistem a pacientes com covid-19.

Dos que estão na linha de frente de combate à pandemia, 76,3% atendem em média, por dia, até 20 ou mais pacientes com suspeita ou confirmação de covid-19 – a maioria entre eles, 53% têm sob sua responsabilidade até 5 pacientes. Quatro em cada dez dos médicos pesquisados já acompanharam pacientes que vieram a morrer com suspeita ou confirmação de ovid-19, marca considerada elevada. Somente 28% se dizem plenamente capacitados para atender casos de covid-19, em qualquer que seja a fase do tratamento. 72% admitem não ter conhecimentos aprofundados, a despeito de permanecerem na linha de frente por uma questão humanitária.

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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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