Após consulta pública, o Ministério da Agricultura está ditando novas normas para a venda de carne moída. Com um detalhe: isso não vale para açougues e supermercados, só para a indústria. O que significa que os espertinhos de sempre continuarão enganando a clientela.
As normas dizem que não pode colocar osso na carne moída. Óbvio e ululante. O osso moído é para fabricação de ração para gato e cachorro. A trapaça de alguns supermercados e açougueiros é outra – misturar os tipos de carne para aumentar o lucro.
Por exemplo: a dona de casa pede um quilo de patinho moído. O açougueiro mal intencionado mistura carnes mais baratas ao patinho e entrega como se fosse o pedido da dona de casa. Ganhou pouco, concordemos. Mas de grama em grama… a coisa vai longe.
Açougueiros e supermercados pilantras têm outras formas de enganhar o consumidor, e raramente a fiscalização acha algum. Uma das práticas e pegar a peça de carne, próxima ao vencimento ou já vencida, e dar outro tratamento. Normalmente, a carne fica escura. Então o pilantra pega essa peça e corta as camadas mais escuras. Depois reembala, coloca outra data de vencimento, e vende como promoção. E como a carne está cara, ninguém quer perder.
Antes a roubalheira era na balança, mas agora tais balanças são eletrônicas, e a pesagem pode ser acompanhada pelo consumidor. E o consumidor se sente o tal conferindo, mal sabendo que a trapaça está na escolha das carnes.
E o rol de trapaças com a carne não fica só nisso. Há restaurantes – principalmente churrascarias – que servem certos tipos de carne como fossem mais nobres. Principalmente quando há confraternizações, como as de fim de ano. E churrascarias, normalmente, têm outro tipo de evitar servir carnes mais nobres. Truque legal, sem trapaça.
Na maioria dos rodízios, são servidos de entrada linguiça e frango, bem gordurosos. Isso dá sensação de saciedade ao estômago, e quando chegam o filé, a picanha… come-se pouco. Mas paga-se o rodízio completo. E como sempre em churrascaria os comensais se enchem de caipirinha e cerveja antes de comer, fica mais fácil sentir o estômago cheio. Transbordando.
Mas essa da carne moída foi demais.
ANSELMO BROMBAL
Jornalista