Primeiro parafuso tinha única fenda em sua cabeça, e uma chave resolvia tudo. Era a chave de fenda. Depois de um tempo apareceu outro parafuso, com duas fendas cruzadas. Era o parafuso Philips. Para apertar ou soltar, precisou-se comprar outra chave, a chave Philips.
Mas aí resolveram criar outro parafuso, o Allen. E vai o povo comprar chave Allen para apertar parafuso Allen. Quando o assunto pareceu esgotado, criaram o parafuso Torx – e vai o povo comprar chave Torx.
Essas porcarias que a indústria cria só servem para fazer o sujeito gastar. Não seria mais simples ficar só com o parafuso de fenda? Ou, para ter alguma opção, Fenda e Philips? Pra que tanta ferramenta? Mas pelo jeito logo vão inventar outro tipo de parafuso, que vai fazer a mesma coisa que o velho parafuso de fenda faz.
Pode até parecer bobagem, mas imaginemos um sujeito que vive de consertar coisas, um profissional. Certamente ele terá uma máquina parafusadeira. A maioria dessas máquinas já vem com uma ponteira que de um lado é Fenda, do outro lado, Philips. Agora esse sujeito precisará comprar novas ponteiras, em novos tamanhos, para poder trabalhar com os Allen e os Torx. Pura perda de tempo e dinheiro.
E a indústria brasileira é pródiga em invenções inúteis. Há alguns anos criou a tomada de três pinos. E imediatamente se criou o adaptador para tal tomada. A tomada de três pinos foi criada com a desculpa oficial que o pino do meio é para o fio terra. E todo mundo sabe que a maioria das casas não tem aterramento., Ou seja, um pino para entrochar no rabo de quem o criou.
É muita falta do que fazer.
ANSELMO BROMBAL
Jornalista