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sexta-feira, 26 abril, 2024

Rodolfo, o professor que colocou Várzea no mapa da Educação

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Rodolfo Wilson Rodrigues Braga teve um começo de vida difícil, mas superou as barreiras. Hoje é o vice-prefeito de Várzea Paulista, cidade com pouco mais de 121 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE, e responde há oito anos pela Educação da cidade. Nascido em São José dos Campos em 1964, viveu parte da infancia em Caraguatatuba (Litoral Norte de São Paulo). Perdeu o pai aos 11 anos de idade, e em seguida, um dos irmãos. Em 1990 mudou-se para Várzea Paulista com a mãe, uma irmã e outro irmão, que morreu em 2010. A mudança tinha um objetivo – melhorar sua qualidade de vida.

Há vinte anos casou com a odontóloga Michele – o casal tem três filhos: Marianne, Manuele e Murilo. Sua atuação como professor conquistou alunos e seus pais, e incentivado por amigos, candidatou-se à Câmara em 1996 – foi eleito vereador, com a maior votação da história da cidade. Em 2000 foi reeleito. Em 2012, a convite de Juvenal Rossi, candidatou-se a vice-prefeito, e, eleitos, tomaram posse em 1º de janeiro de 2013. Rodolfo passou também a responder pela Educação, e o trabalho deu resultado – as escolas da cidade subiram no Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Em 2013, esse índice era de 5,3. Em 2019, o índice foi para 6,5, acima das médias nacional, estadual e da região. Rodolfo também recebeu prêmios como o melhor gestor e pela qualidade da merenda escolar. Nesta semana, ele falou à revista Urbem Magazine.

Você tem uma história de vida de superação. O que aconteceu?

Eu nasci numa família simples, de trabalhadores que lutavam muito para proporcionar a mim e meus irmãos uma vida digna. Perdi meu pai muito cedo, aos 11 anos de idade, e minha mãe teve de arcar com todo esse peso de criar os filhos sozinha. Como sempre fui muito estudioso, tive a oportunidade de vencer um concurso de bolsa de estudos numa escola particular em Caraguatatuba e lá, justamente por ser pobre, sofria com o desprezo e o isolamento, comuns quando você está num mundo diferente do seu; hoje chamam isso de bullying. Essa condição também foi evidente quando ingressei na faculdade. Tive de  abandonar o meu sonho de ser dentista porque os custos eram altos demais, e entrei numa outra faculdade, no curso de Química. Entretanto, a falta de recursos ainda dificultava as coisas; não tinha dinheiro para bancar o transporte, e então minha mãe sugeriu que eu vendesse pipoca no intervalo das aulas para ajudar a custear as aulas. O começo foi muito complicado, os colegas olhavam com desprezo, nenhuma garota queria namorar o pipoqueiro; além de ser muito corrido, não tinha descanso. Mas eu encarava aquilo com alegria. Era um trabalho digno, que certamente faria meu futuro ser melhor. Quatro anos difíceis, mas a homenagem que recebi na formatura foi muito emocionante e fez tudo valer a pena.

Você conseguiu se formar e passou a dar aulas? Em qual escola lecionou em Várzea Paulista?

Na verdade, eu trabalhei no setor privado também, mas lecionar sempre foi mais gratificante. Dei aulas em praticamente todas as escolas de Várzea Paulista e tenho muito orgulho de dizer que ajudei na formação de gerações de varzinos que hoje vêm contribuindo muito para o crescimento da nossa cidade.

E como você entrou na vida pública?

Pois é, na verdade foi por meio de incentivo, quase uma imposição, dos meus alunos e amigos. Na época eu não tinha o entendimento no que um cargo público poderia me ajudar a melhorar as coisas na cidade, por isso rechaçava a ideia. Fazia parte das pessoas que dizem que político é tudo igual, e eu não queria ser um. Mas, como lecionava em várias escolas, e graças a Deus tinha, e tenho, muitos amigos, acabei concordando. Então me candidatei ao cargo de vereador pela primeira vez em 1992, perdi a eleição por apenas três votos. Não desanimei, e em 1996 não só fui eleito, como fui o mais votado da cidade. Aquela votação me surpreendeu, pela minha pouca experiência em eleições, mas não pelo apoio que recebia durante a campanha. Fiquei muito feliz, não apenas por ter sido eleito vereador, mas por ter ratificado o respeito e a consideração que muitas pessoas diziam ter por mim. Foi espetacular e sou eternamente grato a todos. Fui reeleito em 2000, novamente como o mais votado. Nessa época fui presidente da câmara e secretário de Educação. Em 2004 fui candidato a prefeito, não fui eleito, mas em 2012 concorri como vice na chapa com Juvenal Rossi, fomos eleitos, assumi também o cargo de Gestor Municipal de Educação. Fomos reeleitos em 2016, mantive-me como gestor até o início de 2020 e hoje exerço com alegria a minha função de vice-prefeito.

Como você enxerga Várzea Paulista hoje?

Eu sou da opinião de que uma cidade é feita por gente, não por prédios, por isso que, o mais gratificante de estar tendo a oportunidade de ser vice-prefeito, é que venho conhecendo ainda mais as pessoas da nossa cidade. Estou podendo ver de perto os problemas, os sentimentos, tudo aquilo que as pessoas vivem e que muitas vezes nos passam despercebido. Venho entendendo, como nunca antes, que tudo o que é feito pelo poder público atinge de maneira muito intensa a vida de todos nós. O asfalto na porta de casa melhora a autoestima das pessoas, não só o tráfego; a iluminação pública proporciona confiança e melhora a segurança, não só deixa claro o caminho. São coisas que nós sentimos, não apenas vemos o lado prático. Por isso que acredito que o que mais importa são as pessoas.

Diante disso, hoje vejo uma nova Várzea Paulista. Mesmo com os problemas comuns de uma cidade como a nossa, hoje enxergo o orgulho resgatado no rosto das pessoas. Nossa cidade cresceu muito, cresceu certo e vem deixando de ser aquela cidadezinha chamada de bairro de Jundiaí. Temos autonomia, um comércio pujante, uma cidade bonita e isso tudo oferece a nós, varzinos de nascimento ou de coração, a oportunidade de evoluirmos juntos. Há o que fazer sim, mas sinto quando converso com as pessoas que nossa cidade está no rumo certo. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa transformação.

No governo, além de vice-prefeito, você também cuidou da Educação. Quantas escolas da prefeitura existem em Várzea? Quais foram construídas ou entregues nos últimos oito anos? Há outras escolas ou creches previstas?

Várzea Paulista possui 33 unidades escolares, entre escolas municipais e creches. Foram reformadas 14 escolas que mais precisavam e construímos duas novas creches. Mas o maior legado que nossa cidade construiu foi o substancial crescimento na qualidade de ensino atestado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), onde passamos de 5,3 em 2013 para 6,5 em 2019. Para se ter uma ideia, esse foi o maior crescimento entre todas as cidades do Aglomerado Urbano de Jundiaí. Com isso, Várzea Paulista superou todas as médias de referência. Isso é o resultado da dedicação de todos os professores e demais profissionais da educação, mas especialmente ao esforço e empenho dos nossos alunos. E isso nos enche de orgulho.

Além da Educação, quais outros avanços justificam essa transformação que você fala?

Em 2012 a cidade enfrentou o que talvez seja a mais grave crise de sua história recente. Com a prefeitura endividada e sem crédito, os problemas crônicos foram agravados na cidade. Várzea Paulista não tinha fôlego orçamentário para realizar obras e ações que pudessem ajudar a resolver problemas como as constantes enchentes no principal córrego da cidade, o esgoto a céu aberto e centenas de ruas esburacadas, dentre outros.

Mas, com muito trabalho, nossa cidade vem se transformando. Nossa cidade regularizou as contas, vem pagando dívidas, alcançou o equilíbrio fiscal e se tornou referência de boa gestão pública, sendo até elogiada pelo Tribunal de Contas do Estado. Várzea Paulista passou de 4% para mais de 94% de esgoto tratado, pavimentou e recapeou mais de 350 de suas 700 ruas, as enchentes no Córrego Bertioga são coisas do passado, a avenida Bertioga, que antes era uma vergonha, hoje é ponto turístico e de lazer; construiu sua UPA (Unidade de Pronto Atendimento), reformou quase todas as UBS´s e ainda construiu a unidade do Jardim Cruz Alta. Com todas essas ações, a cidade passou a ser destino de grandes marcas varejistas, que vêm instalando unidades no município. Grandes redes de supermercados e atacadistas, lanchonetes e restaurantes, líderes mundiais em seus segmentos, além de um shopping center, com cinema e dezenas de lojas populares.

E quais problemas ainda exigem atenção?

Há muito por fazer. Não podemos negar que precisamos avançar em vários setores, em especial na área da Saúde. Nos últimos sete anos e meio, muita coisa foi feita. Foi criado o Quarteirão da Saúde e com ele, inaugurada a primeira UPA da região. Foi entregue também a UBS do Jardim Cruz Alta, praticamente todas as demais UBS´s foram reformadas; a cidade ainda tem um sistema de entrega de medicamentos inovadora, mas ainda temos dificuldades para contratação de médicos e demais profissionais, mesmo em processos seletivos. Sabemos que o atendimento ainda precisa de ajustes e que podemos transformar o nosso hospital Dr. Alcípio, que hoje é de baixa complexidade, só com internações, consultas e exames, em uma unidade de média ou alta, com UTI, centro cirúrgico e talvez, até maternidade. Estamos trabalhando para entregar o centro cirúrgico ainda neste ano. O hospital está sendo ampliado e já recebemos mais 16 leitos de clínica médica nesta semana. Espero que até o final do ano possamos entregar ainda mais coisas.

A Vila Real sempre foi um problema, e parece que o atual governo resolveu esse problema. Na realidade, o que foi feito na Vila Real?

Sinceramente, nunca vi a Vila Real como um problema. O problema foram os governos que passaram e nada fizeram para ajudar a população de lá. Usaram politicamente as necessidades e não investiram em obras essenciais para o bem estar da população. Mas, nos últimos anos, o prefeito Juvenal Rossi deu especial atenção para lá. As obras de reurbanização da Vila Real foi uma entrega histórica para a cidade. Gerou conforto, acessibilidade e, principalmente, dignidade às milhares de famílias que por anos sofreram com o descaso do poder público. Escadas hidráulicas foram construídas em todos os barrancos do bairro, para direcionar a água que vem da chuva, instalação de guias, galerias fluviais e recapeamento e pavimentação de quase 40 ruas. Tudo isso tornou possível, também, a realização de um antigo sonho dos moradores que em breve se tornará realidade: ter o documento do seu imóvel.

O programa de asfalto, desenvolvido pelo atual governo (do qual participa) fez o que até agora?

O Novos Caminhos é o maior programa de recapeamento da história de Várzea Paulista e vem sendo executado desde 2017. São mais de 350 ruas e avenidas, em todas as regiões da cidade, contempladas com recapeamento, pavimentação, revitalização, calçamento ou drenagem. São mais de 500 quilômetros de asfalto em mais de 40 pontos pelos bairros com mais de 70 mil pessoas beneficiadas. O maior trabalho de recuperação urbana da história da cidade possibilita nova cara aos bairros, permitindo melhores condições de tráfego e a valorização dos imóveis. Além disso, muitas áreas públicas e diversos pontos estratégicos também foram revitalizadas, como canteiros, parques, praças, rotatórias e áreas de lazer. Para citar algumas: o tótem Eu amo Várzea Paulista virou atração em pontos espalhados pela cidade, a entrada da Prefeitura ganhou acesso para cadeirantes e fonte no canteiro central e a Avenida Bertioga exibe uma estátua em homenagem aos cidadãos varzinos.

O fato de deixar a cidade mais bonita eleva a autoestima da população? Quem foi beneficiado com asfalto, reformou sua casa ou sua calçada?

Como disse antes, isso é o maior legado. O resgate do orgulho das pessoas de dizerem que moram em Várzea Paulista, o entusiasmo e a alegria que são demonstrados em pequenas ações como pequenas reformas, pintura e cuidado de áreas públicas vem crescendo e tornando hábito entre as pessoas que antes não tinham perspectivas positivas com relação ao lugar onde moram. Isso é gratificante demais.

O que o atual governo tem feito para dar mais segurança às marginais do Rio Jundiaí?

Parte do recapeamento da Marginal foi feito pelo Programa Novos Caminhos, além disso instalamos defensas nos pontos críticos, construímos uma passarela no trevo que vai para o Jardim Paulista e ainda melhoramos a sinalização e a conservação no trecho.

E como Várzea Paulista tem enfrentado a pandemia?

Essa pandemia é algo que acredito que nenhum governo tinha certeza de como enfrentar. Nós não fomos exceção. Como o reflexo de todas as ações na área da Saúde atinge diretamente toda a região, estabelecemos o consenso de só tomar medidas de maneira coletiva. Mas, algumas ações realizamos de maneira independente. Fui o coordenador do Comitê de Acompanhamento ao Coronavírus, uma comissão de gestão de crise que criamos ainda em março. De nossas reuniões surgiu a ideia da implantação da Unidade de Combate ao Cornavírus, um local específico e especializado para o atendimento de pessoas com sintomas da covid-19, que já chegou a atender mais de cem pacientes em único dia. Também implementamos o serviço telefônico de orientação chamado Corona-fone, que atende mais de 70 pessoas por dia. Compramos testes rápidos para aplicar nos profissionais da saúde, segurança pública e demais grupos de risco. Estamos implantando 16 novos leitos de retaguarda no Hospital Dr. Alcípio e ainda realizamos acompanhamento dos pacientes e familiares positivados.

A pandemia comprometeu o Orçamento deste ano?

Infelizmente sim, e muito. A previsão de perda na arrecadação gira em torno de 30%. Isso exige ainda mais rigor no controle orçamentário. O prefeito Juvenal Rossi ordenou corte de despesas rigoroso e vem tomando medidas para reduzir esse impacto nos serviços públicos e na folha de pagamento dos servidores.

Com situação de pandemia, como prevê que será a campanha eleitoral deste ano?

Sem dúvida a mais diferente e peculiar da história. Acredito que as pessoas ainda estarão com muito medo de aglomerações, então aquelas reuniões enormes não devem acontecer. Infelizmente, a classe política tem uma imagem muito desgastada e com essas restrições será ainda mais difícil conseguir a adesão das pessoas. Deverá ser a eleição mais digital da história, onde as redes sociais terão papel predominante. Mas, também acredito que seja a campanha onde a criatividade fará a diferença.

Você é candidato à sucessão do prefeito Juvenal Rossi?

Hoje eu sou o vice-prefeito e junto ao prefeito Juvenal Rossi, temos muito trabalho ainda. Venho me dedicando a isto. Temos essa obrigação até o dia 31 de dezembro e vamos cumpri-la, em respeito à população que nos escolheu para essa missão

Urbem
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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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