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sexta-feira, 26 abril, 2024

Colonizadores infectaram os índios do Brasil

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Inúmeros relatórios ajudam a montar uma parte sombria da história em nosso país. Eles contam que aviões passavam sobre aldeias indígenas jogando brinquedos infectados com a gripe. Contam também que fazendeiros deixavam peças de roupa espalhadas pelo chão, contaminadas com varíola, por onde os índios passariam. E assim, para se fixar em novas terras, colonizadores dizimaram muitas tribos indígenas que existiam no país. Com rudimentares armas biológicas. Rudimentares, mas eficientes.

O antropólogo Darcy Ribeiro conta no livro Os Índios e a Civilização, que os invasores usavam “velhas técnicas coloniais, como o “envenenamento das aguadas” e “o abandono de roupas e utensílios de variolosos onde pudessem ser tomados pelos índios”. Eram os plantadores de Cacau chegando à Bahia no começo do século passado. Queriam as terras dos Kamakãs e Pataxós. E os índios já tinham problemas de sobra – com a chegada dos europeus, apareceram doenças às quais eles não tinham imunidade. Um grupo, os Goitacás, foi extinto por causa dessas doenças. Mas isso era involuntário.

No entanto há casos de infecções propositais em algumas tribos, como os Timbiras, no Maranhão, os Tupinambás e Pataxós na Bahia, os Cinta-Larga em Mato Grosso e os Botocudos na região do Vale do Rio Doce. Em 1500, havia três milhões de índios no país – hoje, oficialmente, segundo a Funai, existem 750 mil.

Em 2014, relatório da Comissão Nacional da Verdade identificou entre as causas da morte de cinco mil índios em Mato Grosso e Rondônia, a partir da década de 1950, aviões que atiravam brinquedos contaminados com vírus da gripe, sarampo e varíola, enviados por seringalistas, mineradores, madeireiros e garimpeiros, com a conivência do governo federal.

Feito em 1967 e só divulgado ao público 45 anos depois, o Relatório Figueiredo, produzido pelo procurador Jader Figueiredo a pedido do governo militar, relata o uso de vários tipos de violência contra os indígenas por membros do órgão que deveria resguardá-los, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Entre os assassinatos, abusos sexuais, casos de tortura e corrupção denunciados, o relatório ressalta as acusações de que uma tribo de índios Pataxó do sul da Bahia teria sido levada à extinção por uma infecção proposital. “Jamais foram apuradas as denúncias de que foi inoculado o vírus da varíola nos infelizes indígenas para que se pudessem distribuir suas terras entre figurões do governo”, afirma o documento.

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