20.5 C
Jundiaí
sexta-feira, 26 abril, 2024

Forças visíveis, nada ocultas

spot_img

Para entender: Jânio Quadros nasceu em Mato Grosso, foi vereador e prefeito de São Paulo, deputado federal pelo Paraná, até que em outubro de 1960 venceu a eleição para a Presidência da República, com a maior votação da história até então. Tomou posse em 31 de janeiro de 1961, e renuncio em 25 de agosto de 1961. Em sua carta-renúncia alegou: “Forças terríveis se levantaram contra mim…” Em livros de história, o termo foi substituído por forças ocultas.

As tais forças existem e não é de hoje. Estão entranhadas em tudo e procuram afastar quem as incomoda. E aqui se faz um paralelo com o atual presidente, Bolsonaro. Não sou bolsonarista – acho-o pouco radical, não durão o suficiente.

Desde que era candidato esteve sob marcação cerrada. Nunca, em toda a história do mundo, alguém passou por essa vigilância. Cada palavra e cada gesto foram interpretados conforme convinha aos adversários. Quando se tornou líder de pesquisas (as sérias, não divulgadas), alguns endureceram o discurso, e os mais oportunistas a ele se aliaram – casos de Wilson Witzel, hoje governador do Rio, e de João Doria, hoje governador de São Paulo. Passada a eleição, ambos se voltaram contra o criador.

Numa das entrevistas promovidas pelo Jornal Nacional, o apresentador William Bonner fez o impossível para massacrá-lo e passou vergonha com sua companheira de bancada Renata Vasconcelos. Bolsonaro se elegeu e tomou posse. Cada centímetro de sua vida foi esquadrinhada, analisada, discutida e sentenciada. Homofóbico, racista, inimigo da democracia – alguns dos adjetivos usados por seus adversários, principalmente pela imprensa alinhada à esquerda, que não é pequena.

Desde então, tudo é discutido, tudo é ameaçado. Concordemos: os filhos de Bolsonaro atrapalham seu governo porque falam muita bobagem. Deveriam se recolher à condição de filhos do presidente e nada mais. Não precisamos das opiniões deles.

Mas boa parte da imprensa – principalmente o grupo Globo – acostumado às benesses dos governos anteriores, procura todos os dias um motivo para associar Bolsonaro à desgraça, aos problemas. Essa parte da imprensa tem aliados no Congresso e no próprio Supremo Tribunal Federal. Todos parecem não entender que perderam uma eleição, e se quiserem voltar ao trono que se preparem para a próxima. Não deixar governar não é nada democrático.

Em nome da democracia, o STF autorizou abertura de inquérito para saber o que Bolsonaro foi fazer numa manifestação em Brasília que pedia intervenção militar. Se fosse eu fosse ele responderia ao inquiridor: fui me encontrar com sua mãe. É uma resposta bem ao estilo dele. O STF também barrou uma nomeação, a do novo chefão da Polícia Federal. Se a Constituição manda que os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) sejam independentes e harmônicos entre si, estão faltando duas coisas: independência e harmonia. É muita interferência, muito bedelho onde ninguém é chamado.

Alega-se também que Bolsonaro tentou interferir no Exército. Aí já é demais. Bolsonaro, como presidente da República é o comandante das Forças Armadas. Então não é interferência. É questão de comando, de disciplina. E militares sabem bem o que é disciplina.

O problema é que em 16 meses de governo, Bolsonaro não conseguiu governar como pretende. As tais “forças terríveis” estão mais terríveis do que nunca. Ora é partido pedindo seu impeachment, ora é deputado fazendo o mesmo, ora é a OAB (esquerdista) ameaçando com ações e mais ações. É o jeito da esquerda sobreviver – fazendo barulho.

Quando era só um Mané, o ex-presidente Lula dizia publicamente que a Câmara dos Deputados era composta de 513 picaretas. Eleito deputado federal, Lula infernizou a vida do então presidente Fernando Henrique Cardoso, hoje seu amigo – o inimigo do meu inimigo é meu amigo, reza o ditado. E Lula nunca se considerou um picareta.
Voltando ainda mais no tempo. Quando se instaurou o regime militar no Brasil, em 1964 – oficialmente quando o Senado declarou vago o cargo de presidente, uma vez que João Goulart havia sumido – muita gente não gostou. Mas não gostar é normal. Alguns grupelhos resolveram então enfrentar o regime. Pura loucura. Foram para a clandestinidade, promoveram a luta armada de guerrilha, assaltaram bancos, sequestraram até embaixadores. Mais loucura ainda.

Como, na melhor das hipóteses, cinco mil terroristas de esquerda, contrários ao governo, conseguiriam derrubar um governo que tinha apoio das Forças Armadas, com superioridade numérica inquestionável, infinitamente mais bem armadas e organizadas? Nunca. Foram presos, passaram maus bocados nos chamados porões, e hoje gritam como Bolsonaro sendo uma ameaça à democracia.

As “forças terríveis” que infernizaram Jânio Quadros continuam vivas e ativas. Basta dar uma olhada no Congresso Nacional, no STF e no que boa parte da imprensa noticia. Lição de casa: reconhecer a derrota e se preparar para a próxima. Do jeito que agem, não ajudam em nada. Só atrapalham.

ANSELMO BROMBAL
Jornalista

Novo Dia
Novo Diahttps://novodia.digital/novodia
O Novo Dia Notícias é um dos maiores portais de conteúdo da região de Jundiaí. Faz parte do Grupo Novo Dia.
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img
PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas