Apesar de doenças agressivas, que causam redução da população, elas também ajudaram nos progressos da Medicina e aperfeiçoamento da saúde pública
Em época de coronavírus, a pandemia do momento, poucos se lembram que de tempos em tempos o mundo passa por esse tipo de situação. Todas as epidemias que atingiram no mundo nos últimos tempos causaram, além da perda de vidas, novos desafios econômicos. E o mundo continou sua vida.
Três grandes pandemias aconteceram no século passado. A primeira foi a gripe espanhola, que durou de 1918 a 1920. Foi a mais agressiva de todas. Causada pelo H1N1, matou 40 milhões de pessoas; a segunda foi a gripe asiática (1957-1958), causada pelo H2N2, que matou 2 milhões de pessoas. E a terceira foi a gripe de Hong-Kong, que durou de 1968 a 1970, causada pelo H3N2, que matou um milhão de pessoas.
Houve outros grandes problemas de saúde pública, como a epidemia de poliomelite, antes da criação da vacina. Houve também a peste negra, ou bubônica, causada por ratos, e a varíola. Nelas, milhões perderam a vida. A Medicina de suas épocas não estavam tão desenvolvidas como atualmente.
“Tanto a gripe asiática quanto a gripe de Hong Kong foram esquecidas logo em seguida”, afirma Anton Erkoreka, diretor do Museu Basco de História da Medicina e especialista em história das doenças, em entrevista à BBC Mundo. “As medidas adotadas na época não foram excepcionais, e acabou considerada apenas mais uma gripe.” E assim, segundo ele, todos esqueceram o que aconteceu e os ensinamentos que a epidemia trouxe. “As gripes vêm sempre com uma conotação benigna de que matam apenas idosos com comorbidades, por isso foram sempre banalizadas socialmente”.
A gripe de Hong-Kong apareceu num momento que as atenções do mundo eram outras. Havia a Guerra do Vietnã, protestos de estudantes na Europa, movimento pelos direitos dos negros nos Estados Unidos e a corrida espacial que tinha como protagonistas dos Estados Unidos e a então União Soviética – apostava-se quem primeiro chegaria à Lua.
Os mortos por covid-19 ainda não são tão numerosos. Mas ambas as pandemias têm em comum que muitas das mortes acontecem entre os maiores de 65 anos, principalmente aqueles com doenças pré-existentes. A gripe de Hong-Kong é uma das mais agressivas porque o vírus que a causa ainda circula pelo mundo – coisa que especialistas afirmam que pode acontecer com o coronavírus. São vírus parecidos, e têm capacidade de matar.
E, por incrível que pareça, a maioria das doenças vem mesmo da China. Até a gripe espanhola teria começado por lá. A bubônica, a partir de ratos embarcados em navios chineses. Coisa que nem Nostradamus havia conseguido prever.