Após uma brincadeira durante o expediente ter repercutido no TikTok e o levado a demissão, o coletor de lixo Vitor Celestino de 30 anos desempregado há três semanas ainda tenta entender o que aconteceu. Vitor trabalhava há dez meses no Grupo Corpus, em Botucatu (SP) e foi pego de surpresa com o desligamento repentino.
Publicado no TikTok em abril, no vídeo, ele aparece segurando um cano de papelão, olhando para os lados em alerta enquanto o colega de trabalho busca sacolas de lixo em uma calçada para colocar no veículo. Ele diz que não se lembra do dia em que a gravação foi feita — e nem sequer viu que estava sendo gravado.
“Eu estava brincando de escoltar o caminhão, como se fosse um carro forte, como se as sacolas fossem dinheiro. Era uma brincadeira apenas. Eu recebi um comunicado de suspensão no dia 22 e, na sequência, fui mandado embora”, contou ele a reportagem.
A primeira a ver o vídeo foi a mulher de Vitor, que chegou a conversar com a autora da publicação. “A minha mulher falou que aquele homem no vídeo era o marido dela e a autora disse que era para me contar que o vídeo já tinha mais de 500 mil visualizações. A moça filmou porque achou legal que estávamos brincando. Ela não queria prejudicar. É um serviço duro, difícil, mas a gente sempre mantém o bom humor”, conta ele. A demissão ocorreu logo após o vídeo fazer sucesso no TikTok.
Pai de 5 filhos — um bebê de 4 meses, três meninas de 3, 8 e 9 anos e um adolescente de 14 anos; Vitor conta que, antes de trabalhar como coletor de lixo, atuava na montagem de lanches, como chapeiro. “Foi o meu primeiro serviço trabalhando com coleta. Era um desejo muito grande trabalhar com isso.”
Para ele, a brincadeira não precisava terminar com a demissão. “A gente sempre trabalha brincando, rindo, se divertindo. Sempre tem uma dança, a gente sempre tá feliz, alegre. De repente, veio uma primeira advertência e logo depois a demissão. Essa foi a primeira advertência que eu tive nos meus dez meses trabalhando na empresa”, relatou.
Em nota, o Grupo Corpus confirmou que Vitor já não faz mais parte do quadro da empresa “por descumprimento das instruções de trabalho”.
“Ao não agir de acordo com as regras de segurança laboral, ele colocou em risco a sua integridade física e a dos demais coletores”, diz comunicado.
A empresa ainda afirmou que a cena viola o Código de Integridade e Ética, que é assinado por todos os funcionários logo após a contratação. “As imagens, feitas durante o expediente, simulam uma prática de crime e atividade ilegal da qual a empresa não compactua e rejeita veementemente.” (UOL)