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sexta-feira, 26 abril, 2024

Um dia, você foi pela última vez na videolocadora do seu bairro

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Sim, houve um dia em que você foi até a videolocadora do seu bairro, devolver um blu-ray (pouco provável), dvd ou até mesmo um VHS (que se você não rebobinasse, pagava multa), agradeceu o atendente, observou alguns pôsteres, passou pela porta e depois disso, você nunca mais voltou lá. Sim, foi repentino assim. Estranho parar para pensar nisso, né?As videolocadoras foram um modelo de negócio extremamente popular, rentável e divertido que simplesmente deixaram de existir, foram praticamente extintas em sua totalidade e varridas da face da Terra para sempre (salvo raríssimas exceções).

Sucedendo o Betamax de 1975, o Vídeo Home System (o famigerado VHS) chegou em 1976 nos Estados Unidos e com ele, surgiu a criação de um mercado dentro do entretenimento que simplesmente não existia: o Home Vídeo. Filmes que antes eram vistos somente no cinema e nas emissoras de tv poderiam ser escolhidos, vistos e revistos quantas vezes quisessem e a hora que quisessem. Nos anos 80, as videolocadoras chegaram de vez e se tornaram uma febre no Brasil e em praticamente todos os países, trazendo muitas possibilidades para dentro dos recém comprados (e parcelados) videocassetes e trazendo obviamente diversão para o público que queria fugir do tédio e ter mais liberdade para consumir filmes (diversão principalmente para quem alugava filmes na sexta-feira e teria de devolve-los somente na segunda).

A famosa fita VHS, nostalgia para quem consumiu e curiosidade para quem ainda nunca viu.

Na videolocadora, tinham opções para todos os gostos (e inclusive filmes que não eram lançados no cinema, saindo diretamente em home vídeo, o que beneficiou produções de baixo orçamento, principalmente dentro do gênero do terror) e por mais que a gente ficasse ali “zapeando” e espiando pela loja, praticamente escolhendo filmes somente pela capa e sinopse, dificilmente a gente saia sem levar alguma coisa para assistir, concorda? Só pelo prazer de levar um filme para casa (ou pelo trabalho que dava sair de casa e ir até a videolocadora) ninguém gostava de perder a viagem. A “parte adulta” era motivo de curiosidade aos mais novos e motivo de calafrios aos adultos, principalmente os mais tímidos. Chega então nos anos 2000 a “Era dos dvds”, que deu sobrevida para esses verdadeiros santuários cinéfilos e foi justamente a época que esse modelo de negócio começou a dar indícios de que o mercado estava prestes a mudar, justamente (e juntamente) com o advento da internet. E olha que fora os downloads ilegais de filmes, nem estávamos próximos de vislumbrar o que seria a “era dos streamings”, pela qual estamos passando nesse exato momento.

A Netflix, fundada e sediada até os dias de hoje na Califórnia, começou justamente como uma videolocadora em agosto de 1997, e já trouxe inovação ao mercado, justamente por ofertar o seu catálogo de filmes em um site e oferecer o serviço de locação de filmes com direito a delivery, ou seja, você não iria mais até a videolocadora, mas ela viria até você, trazer os filmes na porta de sua casa. Vislumbrando novas possibilidades, ela inclusive fez uma interessante proposta para se fundir ao megagrupo da Blockbuster, simplesmente a maior rede de videolocadoras do planeta, mostrando que a internet havia chego para ficar e que traria novas possibilidades para o mercado do home vídeo, bastava que alguém tivesse recurso e coragem de explora-las. Bom, a Blockbuster que recusou veementemente a proposta, faliu oficialmente em 2014 (afinal de contas, não foi somente você que pisou pela última vez na videolocadora do seu bairro), enquanto a Netflix triunfou poderosa e o restante da história ainda está sendo escrita (e estamos assistindo ela, sem sair do sofá de casa).

A rede Blockbuster reinou soberana no mercado do home video americano (e mundial) até fatalmente ser substituida pelo streaming

Nostalgia a parte, mesmo com essa vastidão de possibilidades, quem nunca se sentiu perdido ao sentar no sofá para escolher algo, passear ali no streaming por minutos a fio e por fim, desistir de assistir alguma coisa? Parece que quanto mais opções e possibilidades, mais o ser humano carece de dicas e de uma mão para guia-los por onde, de repente, você consiga se divertir e que tenha o seu interesse despertado de fato (assim como quem ainda prefere ouvir a rádio ao invés de ficar caçando o que escutar ali no Spotify). Quem produz conteúdo virou o “ajudante de videolocadora virtual”. Olha só, as voltas que a Terra dá: Eu sempre sonhei em trabalhar em uma videolocadora e nunca consegui esse feito, para dar as minhas sugestões aos clientes. Até agora!

Felipe Gonçalves

Apresentador e Colunista do Novo Dia Geek

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