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sábado, 4 maio, 2024

Fim de ano é a esperança para empresas aéreas brasileiras

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Turismo doméstico é aposta para compensar as restrições a destinos internacionais. Esforço é para mostrar que as viagens aéreas não oferecem risco de contágio

Desde que se instalou a pandemia, todos os países passaram a ter alguma restrição para viajantes; teve meses em em que foi proibido o desembarque de estrangeiros. E quem mais sentiu a pancada foram as empresas aéreas. Primeiro pela reclusão das pessoas, e segundo, porque as que queriam sair ficaram com medo de passar horas dentro de um avião com dezenas – ou centenas – de pessoas pelo risco de contágio.

Além de estar dentro de uma aeronave, há riscos também nos aeroportos, que nunca ficam vazios. Além do medo da covid, há outro maior: a incerteza da economia. Na dúvida, viajantes preferem guardar o dinheiro por não saberem como sérá o futuro.

Em abril, no início da crise sanitária, quando as regras de quarentena e isolamento estavam mais rígidas no país e quase todas as fronteiras fechadas, a demanda por vôos domésticos chegou a ter queda de 93,09%, em relação a 2019, e a oferta de vagas nos aviões também caiu mais de 91,35%, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O transporte de passageiros em companhias brasileiras para o mercado internacional viu queda ainda maior, de 98,13%. Em abril, no pior momento, apenas 8% dos vôos programados decolaram.

Agora a retomada dos vôos domésticos está crescendo lentamente. Conforme se afrouxam as regras de quarentena, mais viajantes-turistas aparecem. Mas muito longe da situação pré-pandemia. Uma expectativa otimista é que o Brasil volte a ter mil vôos diários ainda em novembro – metade do que era antes. Mas a esperança está mesmo na classe média, acostumada a viajar no fim do ano.

“O que as pesquisas mostram é que é natural que no processo de saída da pandemia e do afrouxamento das regras de isolamento, a tendência será fazer viagens curtas dentro do país. A pessoa não vai querer pegar, num primeiro momento, um avião para Europa com o risco de novos fechamentos de cidades ou de ter um problema de saúde por conta da covid.

Ela quer ir para algum lugar que possa retornar no mesmo dia”, explica Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas.

Na realidade, 2020 foi o pior ano para a aviação no mundo, o que gerou uma crise nunca vista. a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) afirmou que, em termos financeiros, 2020 foi mesmo o pior ano. O prejuízo estimado das empresas aéreas, segundo a IATA, é de 84 bilhões de dólares.

As empresas se viraram até agora como puderam. As grandes – Azul, Gol e Latam usaram reservas de caixa, reduziram salários, cortaram funcionários e custos e renegociaram os contratos de arrendamento

Se os vôos domésticos começam a aumentar mensalmente, o mercado internacional ainda caminha a passos de tartaruga. A IATA estima que os números só voltarão ao do pré-pandemia em 2024. Sem entrar em exceções, de forma geral o brasileiro não pode voar para os Estados Unidos, para vários países da Europa e para os da região, como a vizinha Argentina e o Chile. As fronteiras estão fechadas para o Brasil.

Por causa das restrições de viagem, a Latam é a mais afetada no Brasil – 50% de seu faturamento vem de rotas internacionais. “Mas a Gol e a Azul também sofrem porque cobrem alguns destinos no exterior e também têm parcerias com voos internacionais”, afirma o presidente da Abear. Sanovicz ressalta ainda que, internacionalmente, o Brasil vive outro problema, o de imagem. “O Brasil está liberado para receber turistas, mas a forma em que o governo enfrentou a pandemia e a imagem criada, de país com o segundo maior número de mortes pela covi-19 e que minimiza os perigos da doença, interferem na capacidade de receber pessoas”, diz.

E então, é perigoso passar horas num avião?

Um dos grande entraves para a retomada da malha doméstica é a crise do medo. “Esse sempre foi um dos desafios do setor – mostrar às pessoas que voar é seguro, que o ambiente das aeronaves é seguro em relação a contaminação”, diz o especialista em aviação Ricardo Fenelon, ex-diretor da Anac. As companhias aéreas e fabricantes de aeronaves têm se esforçado para convencer os viajantes de que procedimentos de segurança sanitária e o uso de equipamentos de última geração são suficientes para diminuir ao máximo a contaminação pelo novo coronavírus.

“Hoje o avião é a modalidade mais segura de viajar, graças aos filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air), que eliminam mais de 99% dos vírus e bactérias, incluindo o coronavírus. O ar é renovado a cada 3 minutos, uma das taxas mais altas de renovação. O sistema já é usado há anos’”, explica Eduardo Sanovicz. O filtro está presente em toda a frota brasileira de aviões de médio e grande porte, e capta micro-organismos de até 0,01 micrômetros ― o novo coronavírus varia de 0,08 a 0,16 micrômetro. A barreira é a mesma utilizada em centros cirúrgicos. O sistema de circulação do avião mistura ar puro, que vem de fora da aeronave, com ar da cabine que é renovado após passar pelo filtro. Além disso, o ar circula dentro da cabine do teto para o chão, o que dificulta o movimento deste tipo de partícula entre as fileiras de passageiros.

O momento menos seguro acontece quando o avião está em solo e o sistema está desligado. Por isso, é obrigatório o uso de máscara nas aeronaves e as companhias aéreas organizaram a saída dos passageiros para o desembarque, para que haja distanciamento social. Agora os passageiros precisam ficar sentados até serem autorizados a levantar, cada fileira aguarda ser chamada. Assim como dentro o avião, nos aeroportos é obrigatório o uso de máscara por todos: passageiros e funcionários.

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