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sábado, 4 maio, 2024

É científico: não existem diferentes raças humanas

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No reino animal há raças mais evoluídas e as menos evoluídas, por questões de ambiente, geografia e ancestrais. Não há como negar a inteligência dos leões, exímios caçadores. Nem de seus parentes felinos, como o leopardo e o guepardo. Todos caçadores de emboscadas. Todos parecem planejar suas caçadas, principalmente quando estão em grupos. Mas isso é no reino animal. Entre os humanos, a ciência já desmantelou a teoria que há diferentes raças – superiores e inferiores.

Mas em séculos passados, os traços europeus eram considerados superiores, equilibrados e bonitos. E esses traços, pregava-se, eram o reflexo de inteligência e educação. Os traços africanos eram vistos como primitivos e pouco atraentes, e simbolizavam uma população ignorante e incivilizada – isso segundo a antropologia do século 18.

Países europeus lançaram-se a conquistas, principalmente na África. O Congo se tornou Congo Belga; a África do Sul foi disputada por holandeses e ingleses. Portugueses, franceses e espanhóis também tiveram suas colonias por lá. Colonialismo e escravidão levaram os europeus a criar teorias, apoio científico, para justificar o que faziam na África e na América.

Um dos primeiros critérios para diferenciar as raças foi a craniologia – o formato do crânio e suas medidas. E os antropólogos do século 18 passaram a medir os crânios dos povos conhecidos na época. A cada tipo de crânio se atribuía uma qualidade ou defeitos, que, segundo eles, revelavam as qualidades intelectuais, extensivas aos semelhantes do dono do crânio medido. E assim se estabeleceu a hierarquia entre os grupos humanos.

Para se afastar da conotação social da palavra raça, a ciência precisou modificar sua maneira de se referir às populações humanas e aceitar a existência de uma única espécie, o Homo sapiens. A morfologia do crânio humano passou então, por causa de Blumenbach, passou a ser usada como parâmetro para determinar a raça de origem do indivíduo. Esse método se alastrou pela Europa do século 18. Um sujeito, Franz Joseph Gall, defendia a tese que o crânio manifestava certas características intelectuais – nascia aí a Frenologia, hoje mais desacreditada que Papai Noel. Mesmo assim, ao longo da história foram classificadas 63 raças humanas.

O que se sabe nos dias de hoje é que a civilização humana começou na África. Migrações de tribos modificaram as características físicas dos indivíduos, como cor de pele, de olhos, estatura, que passaram a variar, com o passar de muitos anos. Sabe-se que o homem das cavernas era coberto de pelos. E isso tem uma explicação – o homem não usava roupas, e os pelos o protegia do inverno e do sol.

Uma incoerência que persiste é como são retratados personagens históricos. Cleópatra, rainha do Egito, é vista como uma mulher morena. O cinema imortalizou a imagem em filme homônimo, estrelado por Elizabeth Taylor, uma mulher (a única do mundo) com olhos cor de violeta. Cleópatra só poderia ter sido negra – o Egito fica na África. Jesus Cristo é retratado como castanho e de olhos azuis, coisa quase impossível no Oriente Médio de sua época, há dois mil anos.

Em 1994, a Associação Antropológica Americana se distanciou conceito obsoleto de diferentes raças e demonstrou sua falta de embasamento científico. O termo mudou de raça para ancestralidade. Ou seja, o indivíduo tem as características herdadas de seus ancestrais. Os cientistas do século 20 não se limitaram a estudar crânios e ossos. Em 1972, o professor Richard Lewontin, da Universidade de Harvard (Estados Unidos), analisou proteínas no sangue de diferentes populações. O resultado não apresentou diferenças do ponto de vista molecular para separar raças humanas.

Outros estudos mostraram que a sequência base do DNA humano é 99,9% idêntica, e isso acabou com o argumento que havia um parâmetro confiável para definir raças. Esses dados foram importantes para apoiar a igualdade dos seres humanos do ponto de vista científico, imparcial e rigoroso. Hoje ainda existe o racismo, a derivação direta do conceito de raça. Albert Einstein afirmou certa vez que “é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. A afirmação permanece atual.

O mundo científico trabalha para defender a igualdade entre diferentes grupos humanos e retirar construções pseudocientíficas de uma realidade que é aceita biológica e legalmente. Os restos mortais de um rei medieval, de um artista de cinema, de imigrantes de todas as partes do mundo, quando examinados, provam que por baixo da cor da pele, todos são iguais.

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