Guimarães Rosa, a meu ver, foi o mais célebre escritor brasileiro. Mas lembro que não suportava a ideia de ter que ler “Grande Sertão Veredas” para o vestibular (que nunca fiz). Mais tarde porém, percebi que ele enxergava o mundo com uma simplicidade ímpar e virei seu fã.
Uma das afirmações marcantes do autor é que “a vida é um ato de rasgar-se e remendar-se”, o que traduz todas as nossas intérpretes. Ele vai mais longe e diz que “tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar”. São as oportunidades que surgem todos os dias e que, em alguns casos, temos medo de aproveitar.
Nosso dia a dia é cheio de procuras, de metas, desejos, algumas histórias de sucesso e também algumas frustrações. Há momentos em que pensamos em desistir daquilo que sempre buscamos e no meio dessa quase desistência, encontramos a felicidade. Aliás, Guimarães também escreveu que “felicidade se acha é em horinhas de descuido”, talvez porque costumeiramente não encontramos aquilo que estamos procurando. Mas é nesse momento que encontramos outras coisas, que já procuramos um dia. Lamentável é que nem sempre damos valor aos nossos achados.
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Às vezes comemos carne num dia em que queríamos comer massa e a massa geralmente está disponível quando queremos comer carne, até que conquistamos uma situação onde podemos escolher. O que quero dizer é que a vida sempre dá o que a gente pede, mas no tempo e do jeito dela. Por outro lado, nós humanos somos muito imediatistas (e também instáveis) e mudamos demais os nossos quereres, o que faz com que o presente da vida chegue quando já não se espera mais.
“A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem…” Guimarães Rosa escreveu a frase anterior, mas escreveu também que “o rio não quer chegar, mas ficar largo e profundo”. Portanto, mais importante do que chegar exatamente aonde você queria é saber quanto verdadeiramente você irá aprender nesse trajeto…