“Beethoven: Angústia e Triunfo” mostra a história, o legado e a era que produziu o compositor mais cultuado de todos os tempos
Bach foi talentoso. Mozart ídem. O problema é que quando viveram ninguém usava termos como gênio da música. Com Beethoven (1770-1827) apareceu novo conceito, o de que uma pessoa pode ser um gênio, coisa que Beethoven encarnou como poucos. Suas composições ainda são muito ouvidas dois séculos após sua morte.
Gênio e obra-prima são lugares-comuns para evocar a personalidade e a música de Beethoven. Por isso mesmo é notável que o autor Jan Swafford evite os dois termos de forma quase obsessiva nas quase mil páginas da biografia Beethoven: Angústia e Triunfo que está em pré-venda nesta semana. Compositor, professor de música na Universidade Harvard e elogiado pela biografia que escreveu de Brahms, Swafford dedicou doze anos ao livro.
Por mais familiares que sejam o folclore em torno de Beethoven, como a surdez no final da vida, o músico que surge do livro é extraordinário. Avesso tanto às pessoas quanto aos cuidados básicos de higiene (a ponto de ir sujo à escola), ele dedicou a vida a desafiar os limites de sua arte. Influenciado por Mozart, com quem se encontrou ainda adolescente numa viagem a Viena, foi um prodígio na infância e um compositor obstinado até a morte.