Ator está tentando levar às telas a vida de Carlos Marighella, terrorista dos anos 1960, via Lei Rouanet
Astro internacional e protagonista da série “Narcos”, Wagner Moura está tendo dificuldade no financiamento de sua estréia domo diretor, na cinebiografia de Carlos Marighella. Segundo o ator, que não revelou nomes, empresas estão rejeitando apoiar um filme de um político e guerrilheiro de esquerda, que em 1969 foi morto pela ditadura militar.
Esse tipo de postura das companhias seria uma represália. Moura é um dos artistas brasileiros mais relevantes a se posicionar abertamente contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ao contrário de vários diretores de marketing.
“Já recebemos e-mails de que não iriam apoiar um filme meu, ainda mais sobre alguém como o Mariguella, um terrorista”, disse Moura. Inspirado no livro Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mario Magalhães, o filme deverá ser produzido em parceria com a O2 Filmes, do cineasta Fernando Meirelles.
“Esse projeto vem até antes de toda discussão do impeachment, diz o ator. A vontade vem desde o quando Mario lançou o livro. Senti muito interesse pela figura do Marighella, baiano como eu. Um sujeito que escapa um pouco à figura do guerrilheiro clássico Che Guevara”.
Outro assunto espinhoso: os mecanismos de incentivo ao cinema. Wagner Moura é totalmente à favor deles. Para o ator, não haveria sétima arte no Brasil desde a retomada sem esse tipo de financiamento. Na opinião dele, as críticas de que estaria mamando em dinheiro público são fruto tanto do momento atual, de extrema polarização política, quanto de um tipo de narrativa, que muitas vezes descamba para a canalhice.