20.4 C
Jundiaí
sexta-feira, 17 maio, 2024

Editorial: O barulho do gás

spot_img

Pode soar estranho, mas gás faz barulho. Ou melhor, quem distribui o gás. E nem nos referimos à Comgás, que não faz barulho – sua especialidade é fazer buracos e arrebentar as redes de água da DAE. São os caminhões que diariamente circulam em nossas ruas anunciando o gás. Como existem várias distribuidoras, a chance desses caminhões passarem mais de uma vez no mesmo dia aumentam.
O primeiro estrago que as distribuidoras de gás fizeram aos nossos ouvidos foi quando assassinaram uma composição de Ludwig van Beethoven, Für Elise, por aqui conhecida como Pour Elise. O que era nobre, erudito, clássico, passou a ser a musiquinha do gás. Tal como O Barbeiro de Sevilha, obra prima de Gioachino Rossini, por aqui conhecida como a música do Pica-Pau.
Deixemos de lado essas demonstrações de falta de cultura. O problema é que esses caminhões de gás estão abusando do volume (seria a ânsia de vender?) e dos horários, cada vez mais antecipados. Há, sim, leis específicas sobre os horários ao barulho, mas há também o sagrado direito ao descanso.
Quem trabalha durante a noite tem direito a dormir durante o dia. Tem em termos. Pois quem tenta dormir não raro acorda de sobressalto com o caminhão do gás, com a maldita máquina Makita da reforma do vizinho, com a britadeira da construtora em frente ou bate-estaca de um novo prédio.
Mas o gás é algo constante. Algo até com dia marcado. Diferente dos rojões (outra coisa nojenta) soltos por fanáticos torcedores em dias de jogos; diferente dos buzinaços do futebol ou da ideologia política do protesto. O gás é algo que pode ser controlado.
As distribuidoras fariam um enorme favor de conter esse barulho. Poderiam, quando muito, deixá-lo mais suave, menos agressivo. Poderiam colocar seus caminhões nas ruas depois de determinado horário. Poderiam ainda panfletar as ruas dignas de trajeto com antecedência, para que as pessoas esperassem o caminhão do gás. Poderiam, mas isso custa, e gastar é tudo o que elas não querem.
Mas em lugares como o Eloy Chaves, Ermida, Tannus, que já têm gás encanado – e por onde, em teoria não deveria passar caminhões de gás – outros tratam de infernizar a vida dos moradores. É o abacaxi docinho e fresquinho; é o queijo direto de Minas; é a linguiça caseira de Bragança; é o supermercado ou a loja X que está com promoção. Tudo anunciado aos berros.
Pausa. Há alguns anos, um sujeito, enraivecido com o barulho de um ambulante que vendia churros, seguiu-o e descobriu onde era sua casa. Um lugar isolado, num loteamento distante. E de madrugada, quando o ambulante dormia, ligou o som do carro, pagode dos bons, no último volume, bem embaixo da janela do ambulante. Sentiu-se vingado quando o mesmo saiu à janela para reclamar. É uma idéia que continua atual.

Novo Dia
Novo Diahttps://novodia.digital/novodia
O Novo Dia Notícias é um dos maiores portais de conteúdo da região de Jundiaí. Faz parte do Grupo Novo Dia.
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img
PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas