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sexta-feira, 29 novembro, 2024

Grupo sanguíneo A aumenta o risco do coronavírus; Tipo O diminui

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Estudo foi feito com 1.980 pacientes e encontrou seis genes associados à gravidade da Covid-19. Quem tem sangue tipo A precisa de mais cuidados

Pessoas com sangue tipo A têm 50% mais risco de precisar usar respirador em caso de infecção por coronavírus do que a média de doentes. As do tipo O, 35% menos. Trabalho publicado na revista norte-americana New England Journal of Medicine, feito por médicos das UTIs de sete hospitais italianos e espanhóis, concluiu que um dos fatores que influem na variação da gravidade da infecção pode ser o grupo sanguíneo. A “forte associação” é, neste caso, a conclusão estatística após analisar regiões genéticas de 1.980 pessoas internadas nas UTIs e compará-las às de 2.205 indivíduos que não tinham tido a doença.

Há idéias a respeito dessa possível relação com uma zona do cromossomo 3 que contém seis genes, os quais estão relacionados com a maior vulnerabilidade dos pacientes. Por exemplo, um deles está relacionado à enzima ECA2, que é a porta de entrada do coronavírus nas células. Outros dois codificam os receptores de quimiocinas, que são as substâncias que desencadeiam o processo inflamatório agudo, a chamada tempestade de citocinas, que ocorre em muitos casos na segunda etapa da infecção – para a qual foi observada a utilidade da dexametasona. Um desses receptores, além disso, regula a localização específica das células do sistema imunológico que reagem a agentes patogênicos nas vias respiratórias. Essas variantes genéticas são mais frequentes em pessoas mais jovens (média de 59 anos), o que poderia explicar ao menos em parte a gravidade de certos casos nesse grupo de idade, afirmam os pesquisadores.

“Obteve-se em menos de dois meses toda a informação necessária para avaliar os resultados e compará-los com um grupo de controle de 2.205 indivíduos saudáveis. Assim, identificou-se maior frequência de 26 variantes genéticas nos pacientes afetados por insuficiência respiratória em comparação com o grupo controle não infectado, e duas delas em particular, localizadas nos cromossomos 3 e 9, mostraram uma potente associação com a gravidade”, explicam os autores.

“Os resultados deste estudo permitem avançar na identificação dos pacientes de maior risco que necessitarão de internação em UTI, assim como conhecer melhor a fisiopatologia da doença mediante a identificação desses genes implicados”, afirma Ricard Ferrer, presidente da Sociedade Espanhola de Medicina Intensiva, Crítica e Unidades Coronárias, que também participou do estudo como responsável pelo Serviço de Medicina Intensiva do Hospital Vall d’Hebron, de Barcelona. Os outros hospitais espanhóis participantes foram o Clínic, de Barcelona, Universitário Ramón y Cajal, de Madri e o Universitário de Donostia, de San Sebastián.

“Investigações anteriores haviam indicado que fatores como a idade e doenças crônicas como diabetes e hipertensão, assim como a obesidade, aumentam o risco de desenvolver casos graves de Covid-19. Entretanto, esse estudo demonstra a possibilidade de identificar pessoas mais vulneráveis ao desenvolvimento de doença grave com insuficiência pulmonar por causa do coronavírus, segundo suas características genéticas, o que possibilita identificar grupos de risco que necessitem de proteção especial e desenvolver tratamentos personalizados”, afirmou em nota o Ministério da Ciência da Espanha, que participou do trabalho através dos centros de pesquisa biomédica em rede de doenças respiratórias e de doenças hepáticas e digestivas.

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