Após uma sequência de quatro meses de estabilidade, o endividamento do brasileiro registrou uma alta de 0,2 pontos percentuais em junho e atingiu o maior nível de 78,5% em novembro de 2022.
Dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta terça-feira (11), às famílias que se consideram altamente endividadas representam 18,5% do total de endividados, maior volume da série histórica iniciada em janeiro de 2010.
Segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), a inadimplência também acompanhou a alta do endividamento em junho e chegou a 29,2%, aumento de 0,1 pp.
Em entrevista, a economista Izis Ferreira avaliou que a melhora da economia brasileira não foi suficiente para retirar da inadimplência os consumidores com dívidas atrasadas: “A gente tem tido cada vez mais famílias com atrasos há mais tempo”.
“Os juros mais altos, sem ainda uma perspectiva de queda, principalmente os juros de mercado. Com a inadimplência alta, fica mais difícil os juros de mercado apontarem uma tendência de queda. Esses juros elevados vão continuar dificultando a quitação dessa dívida mais antiga”, declarou.
Em contrapartida, embora o estudo tenha mostrado um crescimento no endividamento das famílias, a parcela média de renda comprometida com dívidas alcançou 29,6%, menor percentual desde setembro de 2020.
“A inflação corrente tem apontado desaceleração contínua. Hoje, inclusive, a gente teve mais um mês de deflação no Índice de Preços ao Consumidor Amplo, apontado pelo IBGE, o que segue tendo contratações líquidas no mercado de trabalho formal, uma evolução positiva dessas contratações. Apesar disso, esse consumidor, por questões comportamentais, segue buscando o crédito para consumir produtos e serviços”, explicou Izis. Os dados da pesquisa foram coletados com cerca de 18 mil consumidores em todas as capitais dos Estados e do Distrito Federal.