A higiene em lugares de alimentação sempre foi preocupação de todos. Frequentadores de restaurantes costumam reparar detalhes, e se a casa falhar é certeza que vai perder o cliente. Todas as prefeituras mantêm um setor de fiscalização em bares, lanchonetes e restaurantes. Vez ou outra apanham alguém no pulo, burlando as normas. Em casos mais graves, o bar, a lanchonete ou o restaurante é fechado.
Por causa da pandemia, os cuidados foram redobrados. Hoje as mesas precisam estar mais distantes, o álcool tem de estar à disposição do cliente; como antes, balconistas precisam prender seus cabelos em toucas, e agora precisam usar máscara. Porém há um problema que persiste, desde que foi inventado, nos restaurantes chamados self-service, aqueles onde o cliente se serve e depois pesa a comida.
E qual é esse eterno problema? Algumas mulheres, que por vaidade ou capricho, cultivam longos cabelos. Na maioria dos casos essas mulheres ficam bonitas. Mas junto com essa beleza vem o problema – a maioria não prende os cabelos na hora de se servir. E nenhum restaurante se arrisca a colocar um aviso pedindo cuidado com a cabeleira.
Vira e mexe aparece reclamação de gente que achou cabelo na comida. É assunto nojento, mas necessário de se falar. Mulheres com longos cabelos, sabido é, não os lavam todos os dias. Consequência: a chance de achar cabelo é grande, e de achar cabelo sujo é maior ainda. E há ainda aquelas que, com as mãos, jogam os cabelos para trás, pouco se importando com quem está por lá. Costume bem feio por sinal.
Essa falta de higiene e de educação parece coisa arraigada. Bolsonaro chocou a opinião pública quando revelou que muito homem tinha o pênis parcialmente amputado por causa de doenças causadas por falta de higiene. Só recentemente passou a se insistir na necessidade de estar com as mãos limpas. Agora com álcool. Mas tenho certeza que você já viu mais de uma pessoa usar o banheiro e não lavar as mãos após isso.
Se você procurar ser mais detalhista, ficará mais chocado (ou chocada) ainda. Notará que há balconistas e garçons com unhas sujas. E quando pedir um lanche, vai notar coisa pior: a pessoa que for lhe servir usará uma luva de plástico (doce ilusão) e com essa mesma mão pegará o pão, a porta da geladeira, os ingredientes do seu lanche, a faca, o prato, a bandeja… Algumas dessas pessoas que o atendem ainda poderá usar essa mesma mão, com luva de plástico, para apanhar uma vassoura e varrer as migalhas.
Mas enquanto esses problemas – higiene e educação – não são resolvidos, melhor preparar o estômago. Omeprazol, Eparema, Dramin são vendidos sem receita. Ou fazer de conta que não vê nada. Nem aquele vendedor de cachorro quente que aproveitou um intervalo de freguesia, certa noite, para urinar atrás de uma árvore. E depois voltar a servir cachorro quente. Sem luvas. Boa sorte.
Anselmo Brombal – Jornalista