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domingo, 12 maio, 2024

Coxinha de queijo não existe

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A produção de queijo no Brasil deve estar absurdamente alta. Mas o queijo continua custando muito. É tanto queijo que de uns anos para cá, quase tudo tem queijo. Mesmo assassinando a culinária original. Alguma coisa está errada – se há tanto queijo por aí, que o preço despenque.

O assassinato da culinária agora é oficial. Não faltam exemplos. O quibe, por exemplo, é de origem árabe, e é feito com um trigo próprio e carne moída, além dos temperos. Nada mais. Mas você encontra quibe com queijo nos supermercados. Se tem queijo, então não é quibe. É outra coisa.

A porpeta é coisa de italiano. Nada mais é que um bolinho de carne moída, que deve ser frito, não assado. E nos supermercados você também acha porpeta com queijo. Por sinal, porpeta por aqui resolveu se chamar almôndega. E há outra mudança de nome que nada tem a ver com queijo ou porpeta – a ameixa, que dá em cachos, agora é nêspera. E custa bem carinho. Ravioli, outra coisa de italiano, tem de ser recheado com carne moída. Mas você também acha com carne de frango e com queijo.

Mas há uma coisa que merece um destaque pelo disparate – a coxinha de queijo. Por sinal, Jundiaí foi escolhida como a cidade que tem a melhor coxinha de queijo. Mas isso não existe, nunca existiu. Que se lhe dê outro nome, nunca coxinha.

A coxinha de verdade – que nem existe mais – nada mais era que uma coxa de frango envolta em massa de batata e trigo. Com o tempo, alguém descobriu que sairia mais barato produzir a coxinha de outra forma: mais batata, e em vez da coxa do frango, pedações de carne de frango. Nessa conta, uma coxa de frango dá pra fazer no mínimo quatro coxinhas. Ou, resumindo, dá mais lucro. Mas até aí passa.

E alguém teve a ideia de colocar queijo em vez de frango. Não é mais coxinha. Pode ser qualquer coisa – empanado de queijo, bolinho de queixo reforçado – menos coxinha. Seguindo o princípio de quem inventou isso, por analogia podemos concluir que o leite vem da vaca – então seria coxinha de vaca.

Quer mais? Os mineiros criaram o pão de queijo, que não deveria se chamar pão. E os paulistas resolveram inovar – inventaram a coxinha de pão de queijo. Em vez da massa tradicional, massa de pão de queijo. E o recheio? Lógico, mais queijo.

O queijo é tão bom que conseguiu até produzir gente ignorante. Em lanchonetes, o hambúrguer com queijo era originalmente cheese burger. Agora é X burguer. E há pizzarias servindo pizza com catupiry. Não é catupiry – é requeijão. Catupiry custa muito caro. Quem sabe logo teremos churrasco de queijo…

ANSELMO BROMBAL – Jornalista

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