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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Projetos focam em acessibilidade e inserem pessoas com deficiência na área tech

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a quase 25% da população total do país. Pensando nessa parcela da população, algumas startups brasileiras estão com iniciativas que visam integrar pessoas com deficiência no mercado de trabalho da tecnologia ou utilizar da mesma para fornecer acessibilidade.

Ensinar linguagem de programação e capacitar pessoas com deficiência para o mercado de trabalho. Essa é a proposta do Programa Catalisa, promovido pela Zup de São Paulo (SP). O projeto tem o objetivo de ensinar as linguagens Java, Kotlin ou React em projetos para clientes reais. Inicialmente, o treinamento aconteceria presencialmente, mas devido às medidas de isolamento social em prevenção ao coronavírus, ele acontecerá online.

Após fazer a inscrição no programa e passar pelas etapas iniciais, os participantes são contratados pela Zup em regime temporário por um período de três meses. Depois desse tempo, será feita uma avaliação de dedicação e potencial individual, que pode levá-lo a ser contratado definitivamente pela empresa. O Programa Catalisa é liderado por quatro integrantes da empresa que possuem deficiência:

Uma das responsáveis pelo Programa Catalisa, Joyce Rocha, que possui autismo, conta que uniu seus aprendizados ao de outras pessoas para pensarem e compartilharem ideias que vão ajudar pessoas com deficiência neste ambiente. “Esse é nosso trabalho diário. Essa perspectiva de como é a nossa vivência. Nossa historia individual é tão impactante para a gente pensar em relação a outras vivências e experiências mais significativas e positivas para toda essa galera que, muitas vezes, são excluídas, discriminadas”.

Enquanto isso, Jana Bernardino, que possui deficiência visual e também é uma das colaboradoras da empresa, declara: “É um grande caminho a se perseguir ainda, tanto para o profissional do meio acadêmico, quanto também para inserção no mercado de trabalho. Quanto mais alto o nível do cargo, mais se exige de experiência e, também, de atualizações de estudos. Então, é muito difícil concorrer de um para um”.

Co Founder e VP de Cultura e Pessoas, Gustavo Debs, aponta que a tecnologia é um recurso e um meio de incluir de fato pessoas com deficiência, de acordo com as suas características. “Todos nós temos o direito de sermos inseridos em qualquer lugar em que desejamos estar profissionalmente. E cabe às empresas e à sociedade acessibilizar os espaços para que cada vez mais pessoas com deficiência possam ocupá-los e ter o seu direito básico a um emprego garantido, portanto, incluir pessoas com deficiência não deve ser visto como uma benfeitoria”.

Gustavo reitera que a empresa proporciona aos participantes do projeto um ambiente seguro, no qual o time consegue entender as adaptações necessárias, e fornece aos participantes referências de pessoas com deficiência que estão desenvolvendo as suas carreiras dentro da Zup.

“A questão da acessibilidade está sendo mais discutida atualmente, mas definitivamente ainda não estamos no cenário ideal, senão, não precisaríamos estar discutindo essa temática. O mais importante é que notamos que pessoas com deficiência estão ganhando mais espaço para levantar a voz e falar sobre o que elas precisam. Esse movimento é importantíssimo, gera empoderamento, protagonismo e referência para outras pessoas com deficiência pedirem por mais acessibilidade e, assim, conquistar os seus espaços”, declara o VP de Cultura e Pessoas.

Questionado sobre os desafios enfrentados por pessoas com deficiência, Gustavo afirma que são muitos, a começar pela falta de recursos acessíveis nas escolas, por exemplo. “Se formos considerar que a tecnologia assistiva é relativamente recente, estamos falando de gerações passadas que tiveram ainda mais dificuldades para estudar. Além disso, é preciso acessibilizar escritórios, softwares e demais produtos para que, a depender do tipo de deficiência, a inclusão seja, de fato, levada a sério”.

Gustavo ressalta a importância de oportunidades de crescimento que são oferecidas às pessoas com deficiência. “Ainda existe um viés capacitista, o qual considera pessoas com deficiência como menos capazes, e não oferece a elas desafios e oportunidades de crescimento em suas carreiras ou não avalia o ponto de partida de cada um deles e suas particularidades. É uma barreira e uma mentalidade que precisa mudar”.

Ele ainda ressalta: “Uma equipe diversa traz soluções diversas e isso nos possibilita sermos mais inovadores. Cada um de nós contribui com base nas nossas visões de mundo e ter pessoas com repertórios diferentes é imprescindível para a inovação. Por isso, mais uma vez,  a inclusão de pessoas com deficiência se faz necessá

A Matera, empresa de desenvolvimento de tecnologia para o mercado financeiro, fintechs e gestão de riscos, está desenvolvendo a iniciativa Matera Inclusiva, na qual, no período de cinco meses, um jovem com deficiência intelectual e/ou síndrome de Down é preparado para o mercado de trabalho. O projeto Matera Inclusiva foi desenhado em conjunto com a Fundação Síndrome de Down. “Eles passam pelas diversas áreas da Matera, para que tenham oportunidades de conhecimento e concorrer às vagas no mercado de trabalho com mais aperfeiçoamento”, conta Denise Castilho, Gerente Administrativa e Sustentabilidade Corporativa da Matera.

A primeira etapa é voltada a formação profissional que acontece 2 vezes por semana, por 3 meses, na Fundação Síndrome de Down. A próxima etapa é chamada de VPP – Vivência Prática Profissional, onde a Matera realiza o estágio com o jovem em ambiente de trabalho. Após a VPP, o jovem tem o acompanhamento e apoio da Fundação Síndrome de Down para a busca de uma vaga CLT.

“Na Matera vemos isto com o olhar da empatia, pois após o Matera Inclusiva conseguimos ver claramente a mudança de comportamento dos profissionais que se dedicam a este projeto, e para os jovens, como dito acima, vão ao mercado de trabalho mais confiantes e assertivos em sua carreira”, aponta a gerente administrativa.

Ela ressalta que segundo relato dos pais e da psicóloga que acompanha os jovens, o projeto teve grande impacto e gerou mudança comportamental, elevou a autoestima e promoveu expectativas nos envolvidos. “Esperamos contribuir na formação dos jovens, pois desta forma eles têm como se descobrir profissionalmente, e nós, como empresa gerar oportunidades e habilidades para a inclusão,  e a Fundação Síndrome de Down ter mais visibilidade do que estes jovens gostam e podem concorrer com as vagas oferecidas no mercado de trabalho”, conclui Denise.

Com a proposta de ajudar servidores com deficiência visual que utilizam o Sistema de Automação da Justiça (SAJ) em Tribunais, Ministérios Públicos e Procuradorias, o SAJ Acessível, sistema de gestão processual está oferecendo mais usabilidade para quem tem limitações na visão. O projeto é desenvolvido pela equipe da desenvolvedora de softwares Softplan.

Por limitações técnicas, antes da solução, esses servidores tinham apenas 30% de usabilidade no SAJ – ou seja, conseguiam operar somente uma pequena parte do que o sistema permite. Agora, esse índice chega a 80%, dependendo do escopo de trabalho do usuário.

Os servidores com deficiência visual utilizam o computador por meio de leitores de telas. São softwares que identificam todos os elementos presentes na tela, como textos, imagens, botões e links, e literalmente leem para o usuário. Assim, guiados pelo som, eles conseguem acessar a internet, ler textos, utilizar aplicativos de mensagens e trabalhar. Porém, os leitores de tela mais utilizados não tinham compatibilidade com o SAJ. Desta forma, os usuários precisavam configurar manualmente códigos (scripts) que ajudassem esses softwares a ler a tela do SAJ.

O SAJ Acessível é baseado em duas tecnologias: visão computacional e redes neurais. A primeira é responsável por enxergar os elementos e obter as informações apresentadas na tela. Já a segunda faz interpretação desses elementos, transformando-os em dados, que passam a ser agrupados e classificados. A junção dessas duas tecnologias possibilita a leitura correta dos botões independentemente da resolução da tela ou das personalizações. Assim, permite que os leitores de tela reconheçam todos os botões e elementos. Isso garante que os usuários deficientes visuais consigam fazer muito mais tarefas dentro do sistema.

“Nosso propósito é desenvolver soluções que fazem a diferença na vida das pessoas. Com o Sistema da Automação da Justiça, ajudamos a modernizar o Judiciário, que passou a oferecer um serviço mais ágil e eficiente à sociedade. E agora, com o SAJ Acessível, estamos contribuindo para que esses profissionais talentosos possam desempenhar suas tarefas independentemente de suas limitações físicas”, diz o diretor-executivo da Softplan, Ilson Stabile.

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