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quinta-feira, 21 novembro, 2024

Australianos estão se incomodando com turistas famosos

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Tudo começou com o ator Zac Efron. Em seguida, Mark Wahlberg embarcou, Matt Damon também e dezenas de outras celebridades foram atrás — todos estabeleceram residências temporárias na Austrália

Enquanto muita gente famosa vai para a Austrália, pelo menos temporariamente, australianos que estão em outros países, impedidos de voltar, estão revoltados. Melissa McCarthy, Chris Pratt, Tom Hanks, Awkwafina, Idris Elba, Tilda Swinton, Julia Roberts, Zac Efron, Ed Sheeran, Matt Damon, Natalie Portman, Sacha Baron Cohen, Paul Mescal, Mark Wahlberg, Tessa Thompson, Rita Ora – todas estas celebridades estiveram na Austrália no ano passado

Tudo começou com o ator Zac Efron. Em seguida, Mark Wahlberg embarcou, Matt Damon também e dezenas de outras celebridades foram atrás — todos estabeleceram residências temporárias na Austrália. Mais recentemente, Julia Roberts aterrissou em solo australiano. Ela está escalada para gravar ainda neste ano um filme aqui com George Clooney, com um título bem apropriado por sinal: Ticket to Paradise (Passagem para o Paraíso).

Em meio à pandemia, parece que metade de Hollywood fugiu para a Austrália atrás de um paraíso idílico livre de Covid-19. A vida é boa em um país que praticamente eliminou o vírus — as pessoas estão aproveitando as praias, bares e boates à vontade. A maioria dos famosos que chega na Austrália é para trabalhar. O governo da Austrália atraiu produções como a próxima sequência do filme Thor com incentivos fiscais.

Com isso, não é raro avistar celebridades, sobretudo em Sydney. A lista de visitantes também inclui Awkwafina, Ed Sheeran, Jane Seymour, Melissa McCarthy, Michelle Ye, Paul Mescal, Rita Ora, Ron Howard, Taika Waititi, Tessa Thompson, Tilda Swinton, Tom Hanks e Lord Alan Sugar. Há ainda as estrelas australianas que voltaram para casa: Nicole Kidman, Keith Urban, Kylie e Danni Minogue, Rose Byrne, Isla Fisher e seu marido britânico Sacha Baron Cohen. “Estão chamando de Aussiewood”, afirmou um repórter de entretenimento local à BBC.

Mas nem todo mundo está contente. Um ano depois que a Austrália fechou suas fronteiras, ainda há pelo menos 40 mil australianos presos no exterior. Muitos dizem que foram impedidos de voltar para casa. Um grupo apresentou uma denúncia de violação de direitos humanos na Organização das Nações Unidas (ONU). “Nenhum outro país impediu o retorno de seus cidadãos dessa forma”, diz Sabrina Tiasha, que voltou do Reino Unido no mês passado.

As restrições impostas na fronteira da Austrália efetivamente impediram muitos cidadãos de voar para casa. O governo estabeleceu no ano passado um limite de viagens para chegadas de voos internacionais, com o objetivo de reduzir o risco de surtos de Covid-19. Isso significa que os voos para a Austrália, em muitos casos, transportam apenas 40 passageiros. O limite aumentou o custo dos voos e fez com que as companhias aéreas priorizassem passageiros da classe executiva e primeira classe.

Os voos do Reino Unido para a Austrália podem custar entre 3 mil e 15 mil dólares australianos, obrigando muitos a recorrer à poupança e até a fundos de pensão. Há também a taxa de quarentena obrigatória do hotel na chegada: 3 mil dólares australianos por pessoa.

Encontrar uma passagem aérea com preço pré-pandemia é raro. E mesmo com uma passagem, alguém pode acabar ficando fora do voo no caso de overbooking (quando a companhia aérea vende mais passagens do que o número de assentos disponíveis). O governo afirma, por sua vez, ter organizado mais de 100 voos de repatriação, incluindo 20 neste ano. Mas com dezenas de milhares de australianos ainda sem condições de voltar para casa, a revolta em relação à falta de apoio do governo aumentou. Mais de uma dúzia de cidadãos retidos no exterior disseram à BBC que receberam pouca assistência das autoridades australianas.

Margaret e David Sparks são um casal de 70 anos que estava de férias no Reino Unido quando a pandemia começou. Eles ficaram presos lá quase um ano. “As pessoas estão tão estressadas e temerosas que vão pagar qualquer quantia para voltar para casa. Mas, como aposentados, realmente temos que pensar muito sobre o custo”, afirmou Sparks à BBC no início deste ano. Eles tiveram três voos cancelados até conseguirem finalmente voltar em um voo de repatriação no mês passado.

Nos grupos do Facebook, os australianos presos em outros países aconselham uns aos outros a manter as malas prontas. Os sortudos lembram em detalhes como superaram obstáculos para voltar para casa. “Tire seu celular do modo silencioso à noite para receber ligações a qualquer hora sobre um voo de última hora”, escreveu um deles. “Esteja pronto para partir com 24-48 horas de antecedência.”

Centenas de pessoas postam pedindo ajuda. Muitas estão desesperadas para voltar para casa: seja para cuidar de parentes doentes ou que estão morrendo; porque perderam seu emprego ou casa; ou porque o preço de estar longe de entes queridos se tornou insuportável.

Alguns acreditam que a política do governo está violando os direitos humanos. As leis internacionais determinam que os cidadãos têm o direito de retorno — é um dos princípios mais frequentemente invocados em casos de refugiados. Um grupo chamado Stranded Australians Abroad entrou com uma petição no Comitê de Direitos Humanos da ONU, pedindo uma intervenção. Mas os especialistas alertam que não se pode fazer muito sem uma garantia semelhante na lei australiana.

As controvérsias não param por aí. A quarentena no hotel é um requisito para todos, mas muitas estrelas foram isentas. Julia Roberts e Ed Sheeran se isolaram em um rancho luxuoso fora de Sydney. Damon, Kidman e Dannii Minogue também foram autorizados a fazer quarentenas privadas. “As celebridades estão em suas mansões particulares”, diz Andrew Hornery, repórter de fofocas do Sydney Morning Herald.

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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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