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domingo, 19 maio, 2024

Há 80 anos era criada a Força Aérea Brasileira

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Antes de sua criação, aeronaves eram operadas pelo Exército e pela Marinha. No auge da Segunda Guerra Mundial, o Brasil criou o Ministério da Aeronáutica

Para entender: no começo do século 20, quando apareceram os aviões, pouco se sabia de sua utilidade. Mas a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) tratou de mostrar aos militares que os aviões eram bem úteis. A princípio foram usados para espiar as trincheiras inimigas, depois para jogar bombas, e finalmente, para combater aviões inimigos. Mas os países não tinham uma força específica de aviões, e o Brasil não era diferente.

O Exército criou sua Divisão de Guerra Aérea, mas em 20 de janeiro de 1941, o então presidente Getúlio Vargas criou o Ministério da Aeronáutica, e com ele as Forças Aéreas Nacionais – nome modificado para Força Aérea Brasileira em maio do mesmo ano. As primeiras ações da FAB foram contra submarinos alemães que estavam na costa brasileira à caça de navios mercantes. Depois a FAB foi para a Europa e adotou o lema Senta a Pua.

A primeira vítima da FAB foi um submarino italiano, o Barbarigo, cujo comandante era paulista. O ataque foi feito por um bombardeiro B-25 no dia 22 de maio de 1942. O Barbarigo não afundou e conseguiu, a duras penas, voltar para a Europa. Além dos B-25, que faziam parte do programa de ajuda militar dos EUA ao Brasil, a FAB combatia os submarinos invasores com outro importante avião de patrulha: o PBY Catalina. O clássico hidroavião participou de seis dos 10 afundamentos de submarinos registrados na costa brasileira.

A Força Expedicionária Brasileira, que foi enviada para a batalha na Itália em julho de 1944, teve a companhia da FAB. Para ingressar no conflito na Europa, a Aeronáutica fundou o 1º Grupo de Aviação de Caça, conhecido pelo grito de guerra Senta a Púa!, e a Primeira Esquadrilha de Ligação e Observação (que realiza missões de reconhecimento), que operou pequenos monomotores Piper L-9. Os primeiros 32 pilotos do Senta a Púa realizaram treinamentos em Orlando, nos Estados Unidos, no início de 1944, com caças P-40 Kittyhawk. Em maio do mesmo ano iniciaram suas primeiras missões de defesa no Canal do Panamá.

Concluída a formação, os oficiais brasileiros foram enviados, em junho, à Nova York, onde conheceram o Republic P-47 Thunderbolt, que seria a principal aeronave da FAB na Segunda Guerra Mundial. Em mais dois meses os pilotos aprenderam a pilotar os P-47, e em setembro de 1944 partiram de navio para a Itália.

Na campanha da Itália, os aviões da FAB atuaram basicamente em operações de ataque ao solo e apoio às forças terrestres aliadas. De acordo com números da FAB, os P-47 realizaram 445 missões e destruíram mais de 1.500 veículos, além de posições de artilharia, fábricas, pontes, embarcações, usinas elétricas e um pequeno número de aviões.
Entre novembro de 1944 e abril de 1945, período em que os Thunderbolts da FAB participaram do conflito, 16 aviões foram perdidos em acidentes ou abatidos por artilharia anti-aérea. Cinco pilotos brasileiros morreram.

O Brasil foi um dos países que participou do Batalhão Suez, enviado ao Oriente Médio em apoio às forças de paz da ONU na Crise de Suez, conflito entre Israel e Egito, a partir de 1957. A FAB apoiou a campanha com aeronaves Boeing B-17. As Fortalezas Voadoras brasileiras serviram como transporte de suprimentos e correio. Até 1960, os bombardeiros transportaram 50 toneladas de carga em 24 missões para a região dos combates. O B-17 era o único avião da FAB que podia atravessar o Oceano Atlântico sem paradas para reabastecimento. O Exército Brasileiro enviou 6.000 soldados para o conflito.

No final da Segunda Guerra Mundial e com o Brasil definitivamente alinhado ao bloco liderado pelos Estados Unidos, a FAB iniciou o processo de reequipamento com material norte-americano. Colocando a parte de ataque em segundo plano, a Aeronáutica priorizou a compra de aeronaves de transporte, patrulhamento marítimo e bombardeiros. Nesse tempo, chegaram ao Brasil aeronaves como o famoso bombardeiro B-17 Fortaleza Voadora e o Douglas DC-3, um dos aviões mais longevos e numerosos da FAB – que operou mais de 80 modelos entre 1944 e 1983. Em 1958, a FAB recebeu seu primeiro helicóptero, o rudimentar Bell 47, que foi também um dos primeiros helicópetos operacionais do mundo. O Brasil contou com cinco aparelhos, que voaram até 1974. Até 1955, a aeronave de ataque de maior desempenho da FAB ainda era o P-47, com motor a pistão. Era preciso ir mais rápido e mais alto, algo que somente os novos aviões a jato podiam fazer.

Após analisar propostas dos Estados Unidos, que ofereciam o caro F-86 Sabre, o governo de Getúlio Vargas escolheu o inglês Gloster Meteor para ser o primeiro avião a jato da FAB. Segundo o acordo, a Inglaterra cedeu 60 aeronaves em troca de 15.000 toneladas de algodão. Mais adiante, em novos contratos, a frota nacional chegaria a 71 aparelhos.

Três anos após a compra dos Meteor, a FAB reforçou sua frota com mais jatos de ataque, desta vez os americanos Lockheed AT-33. As aeronaves foram direcionadas para missões de interceptação e ataque ao solo e, no final de sua carreira nos anos 1970, foram utilizadas como treinadores avançados. Ainda nessa época, a FAB recebeu, em 1957, os Cessna T-37, aeronaves a jato especializadas em ataques ao solo e que posteriormente também foram utilizadas para treinamento. Os jatos Cessna (a FAB operou mais de 60 unidades) foram retirados de serviço em 1981.

Caças supersônicos já eram uma realidade no início da década de 1950, com os principais esforços partindo dos Estados Unidos e a antiga União Soviética. O primeiro avião supersônico que chegou ao Brasil foi o Dassault Mirage III, fabricado na França. O governo brasileiro encomendou 17 aeronaves em maio de 1970 e as entregas foram concluídas até 1973. Os jatos, que podiam voar a mais de 2.300 km/h, foram empregados pelo 1º Grupo de Defesa Aérea, em Anápolis (Goiás). Os Mirage III, que assumiram o papel dos vagarosos Meteor na defesa aérea, voaram com as cores da FAB até dezembro de 2005. Em 33 anos, os caças franceses acumularam mais de 67.000 horas de voo. Os Mirage também foram os primeiros aviões do Brasil armados com mísseis ar-ar orientados por calor.

Enquanto a FAB recebia os últimos Mirage III, também foi iniciado, a partir de 1972, processo de substituição dos antigos T-33 pelos Northrop F-5 Tiger II, que seria a segunda aeronave supersônica na frota nacional. Com um desempenho inferior ao do caça francês, mas com capacidade operacional mais versátil, o F-5 é até hoje o principal caça de defesa aérea do Brasil.

A FAB adquiriu diferentes lotes do F-5, com aeronaves novas e usadas, nas décadas de 1970, 1980 e 2000. Os primeiros aparelhos foram importados dos Estados Unidos. O arsenal brasileiro tem mais 40 unidades do Tiger (o número de unidades ativas não é divulgado). Em 2008, o país recebeu um lote com 12 jatos Mirage 2000, que substituíram os Mirage III. A aeronaves, adquiridas de segunda mão da França, voaram pouco tempo no Brasil. Os caças, que eram uma solução provisória enquanto a compra de novos caças não era definida, deram baixa em 2013.

A preparação dos pilotos dos caças supersônicos da FAB também exigiu o emprego de uma nova aeronave a jato de treinamento. O programa foi assumido pela Embraer no final dos anos 1960 e deu origem ao EMB-326 Xavante, incorporado à FAB em 1971. O Xavante foi o primeiro avião com motor a jato produzido no Brasil – o modelo é versão nacional do italiano Aermacchi MB-326. A Embraer produziu 166 unidades da aeronave até 1981 e o jatos saíram de cena em 2013.

A FAB possui atualmente a maior frota da América Latina, com mais de 700 aeronaves. As principais missões nas últimas décadas vem sendo operações de busca e salvamento (SAR) e transporte logístico para regiões isoladas. Para essas funções, a força conta com uma variedade de aeronaves e também helicópteros de diferentes portes e desempenhos.
Além da frota de cargueiros C-130 Hércules, que a serviço da FAB já voaram para todo o Brasil, outros países e até para a Antártica, a Aeronáutica também tem a disposição o C-105A Amazonas e uma grande variedade de jatos de transporte. Os principais helicópteros da força aérea são o H-36 Caracal, para operações SAR e de transporte, e o conhecido UH-60 (H-60) Black Hawk, que atua nas mesmas funções. O Black Hawk é um dos helicópteros militares mais avançados da atualidade. O helicóptero H-36 Caracal pode transportar até 20 soldados. Os C-105/SC-105 da FAB operam principalmente em missões de busca e salvamento.

O patrulhamento marítimo continua sendo outra importante missão da FAB. O vasto litoral do Brasil é vigiado pelos Bandeirulha, a versão militar do Embraer Bandeirante, e o suntuoso Lockheed P-3 Orion, que pode permanecer voando por quase 20 horas em busca de embarcações hostis. A Força Aérea Brasileira também é um das poucas operadoras na América Latina (o outro país é o Chile) de aeronaves de controle aéreo antecipado, os conhecidos “aviões-radares”. O modelo usado no país é o Embraer E-99.

A principal arma da FAB contra o narcotráfico, uma das maiores preocupações nos céus da América do Sul, é o Embraer A-29 Super Tucano, que pode carregar grande variedade de armamentos, incluindo mísseis de busca térmica. Outro meio com alto poder de fogo do Brasil, especialmente contra tanques, é o helicóptero de ataque Mi-35 (AH-2 Sabre, na designação da FAB), fabricado na Rússia.

Enquanto os Gripen não entram em ação e com a aposentadoria dos caças Mirage 2000, a missão de superioridade aérea da FAB foi repassada aos F-5. Aviões invasores também podem ser contidos pelo caça-bombardeiro AMX, aeronave subsônica desenvolvida pela Embraer em parceria com fabricantes italianos.

O Gripen será o primeiro caça realmente avançado em serviço na FAB desde sua fundação. Isso porque até então as aeronaves supersônicas operadas no país sempre chegaram tempos depois de sua entrada em serviço em outras forças. O primeiro Gripen, ainda um modelo de testes, desembarcou no Brasil em outubro de 2020 e as primeiras unidades operacionais devem chegar ao país neste ano. Mais adiante, o avião sueco será montado parcialmente por aqui com a participação da Embraer e outras empresas brasileiras, já que um dos pontos mais claros da concorrência dizia respeito ao repasse de tecnologia para a indústria nacional.

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