Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, foi o melhor jogador do mundo, o atleta do século – e isso a maioria reconhece e aplaude. Mas Pelé é criticado por nunca ter levantado a voz contra o racismo e a discriminação, que era maior nos anos 1950 e 1960. Diferente dos dias atuais, quando o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton lidera movimento entre outros pilotos contra o racismo, ou do rapper Kanye West. No Brasil, os movimentos são tímidos ainda, apesar de 54% da população ser negra, segundo o IBGE.
Nos anos 1960, por exemplo, havia gente muito engajada no problema nos Estados Unidos. Martin Luther King, um pastor batista, liderava um movimento pacífico por igualdade de direitos civis. Por lá, havia a segregação racial, com banheiros diferentes para brancos e negros, assentos em ônibus, locais públicos diferenciados e proibição de frequência de negros em certos ambientes. Os protestos de Martin Luher King eram pacíficos, mesmo quando os manifestantes apanhavam da polícia racista – um deles, em Montgomery, estado do Alabama, promoveu boicote de 382 dias contra o transporte coletivo. Os negros iam ao trabalho e dele voltam a pé. Os ônibus circulavam vazios. Em 1964, aos 35 anos, Luther King ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Foi assassinado em Memphis, no Tennessee, em 1968.
Cassius Clay, um dos maiores lutadores de boxe de todos os tempos, também denunciou o racismo e a segregação. Recusou ir ao Exército americano para lutar no Vietnã, e isso lhe custou o título de campeão mundial. Depois converteu-se ao Islamismo adotou o nome de Mohamad Ali, e intensificou sua luta pela igualdade. Nos Estados Unidos dos anos 1960 nem tudo era pacífico. Stokely Carmichael, líder estudantil e negro, era mais para reações violentas contra brancos racistas. Foi ele que lançou o movimento Black Power. Nelson Mandela passou parte de sua vida na cadeia por único motivo – combater o apartheid sul-africano, onde negros, a maioria da população, tinham somente obrigações e nenhum direito. Mandela venceu o apartheid e se tornou presidente do país.
2020 pode ser considerado o ano modelo de luta contra o racismo. Depois que um policial branco matou George Floyd, protestos passaram a acontecer em todo o mundo. Gente importante tem se manifestado contra o racismo, como o piloto Lewis Hamilton, pentacampeão da Fórmula 1. “Quero um futuro melhor para nossa geração. Posso receber críticas na mídia, mas essa luta é sobre igualdade”, afirma Hamilton. Mario Balotelli, jogador de futebol e vítima de chacotas e agressões racistas, também se pronunciou: “Tenho orgulho de ser naturalizado italiano, mas nunca esqueço que sou africano”.
Em 2018, foi criticado pela apresentadora de TV Laura Ingraham, da Fox News americana, após opinar sobre o trabalho do presidente Donald Trump. “LeBron deveria calar a boca e apenas jogar basquete”, disse a apresentadora. Inspirado por Colin Kaepernick, ex-jogador de futebol americano que se ajoelhou durante o hino nacional para protestar contra a violência policial que atingia os negros no país, LeBron respondeu à ofensa criando a campanha Eu sou mais que um atleta. Hoje, o movimento conta com nomes como a tenista Serena Williams e o jogador Kylian Mbappé.
No Brasil, a falta de união faz com que poucos negros levantem a voz contra o racismo. Segundo o advogado Eginaldo Honório, entrevistado pela Urbem Magazine (o vídeo está disponível no site www.urbem.com.br), existe racismo no Brasil de forma velada, quase impeceptível. “E isso, diz ele, é pior que a segregação em si”.