O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) denunciou João de Deus mais uma vez por crimes sexuais. Segundo o órgão, neste caso, ele responde por estupro de vulnerável contra seis vítimas. Os crimes, apontam a investigação, teriam ocorrido em uma sala privada durante os atendimentos espirituais que realizava, em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal.
Está é a 9ª denúncia contra a médium. Ele se tornou réu nas outras oito após a Justiça acolher os pedidos do MP. Ele sempre negou as acusações.
O advogado de João de Deus, Alberto Toron, foi contatado por mensagem de texto, às 9h23 desta terça-feira 28), mas não retornou.
O médium foi preso em 16 de dezembro do ano passado. João de Deus foi internado no Instituto de Neurologia de Goiânia em 22 de março a pedido da defesa e com autorização da Justiça. Da mesma forma foi feito contato com a unidade de saúde na manhã desta terça-feira, sem obter retorno.
De acordo com o MP, duas vítimas são do Paraná. As outras residem no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Os promotores informaram que uma das mulheres é cega e que todas as outras apresentavam algum tipo de vulnerabilidade que justifique a tipificação do crime.
O órgão revelou ainda que constam com testemunhas desta denúncia outras quatro vítimas, cujos crimes já prescreveram.
Réu em oito processos
O Ministério Público já havia denunciado o médium oito vezes. A Justiça aceitou cada uma das denúncias – o que torna João de Deus réu em todos os processos. No total, contando a nona denúncia, são 32 vítimas.
-Quatro por crimes sexuais: dois deles já tiveram audiência realizada e os outros dois estão com audiência marcada;
-Um por crime sexual, corrupção de testemunha e coação: ainda não teve audiência;
-Um por crime sexual e falsidade ideológica: atualmente está em fase de citação (comunicação ao réu);
-Dois por posse ilegal de armas de fogo e munição: um já teve audiência realizada. O TJ não deu detalhes sobre o outro caso.
Trâmite
De acordo com o Tribunal de Justiça, João de Deus ainda não foi ouvido em nenhum dos processos acima – o interrogatório será o último ato da fase de “instrução”. Depois, vêm as alegações finais da defesa de João de Deus e do Ministério Público e, então, a sentença.
Ação de indenização
Além dos oito processos criminais, o Ministério Público Estadual entrou com uma ação civil pública pedindo indenização no valor de R$ 20 milhões por danos morais e coletivos de todas as vítimas dos abusos. O dinheiro será usado em projetos de prevenção à violência sexual contra mulheres.
Os promotores já receberam 680 contatos de mulheres que se dizem vítimas. Destas, 160 já prestaram depoimento de maneira formal.