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segunda-feira, 17 junho, 2024

Editorial: Ou é rico ou é otário

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Há por aqui uma cultura, plantada à custa de infinitas afirmações: tudo aqui custa mais caro por causa dos impostos. Calma lá. Os impostos ajudam muito a encarecer, mas não são os únicos responsáveis. Os preços são formados pelos custos, pelo lucro, pelos impostos e pela ganância de empresários. E o povo brasileiro paga por ser rico ou ser otário. A segunda hipótese é mais provável.
Tudo custa caro por valorizamos tudo. No supermercado, na agência de carros, onde babamos pelo modelo 0 km e até para sonhar com a casa própria, como se tudo fosse necessário para nossa vida. Pra começar, somos o país que menos negocia com o mundo – até Cuba, um símbolo do atraso, importa e exporta mais que nós em relação ao PIB (Produto Interno Bruto).
Ter uma empresa por aqui não é fácil. As leis mudam de hora para outra, e a burocracia para continuar dentro dessas leis é a maior do mundo. Os políticos colaboram, criando leis e barreiras para dificultar e encarecer nossa vida. Por exemplo, é proibido comprar um carro usado em outro país. Importar um zero pode ficar até 85% mais caro. Tudo isso colaborar para deixar as coisas mais caras.
Um ovo de páscoa fabricado aqui, por exemplo, custa cinco vezes menos nos Estados Unidos. O ovo de páscoa da Garoto aqui custava R$ 30. Lá, R$ 6. Um ovo de páscoa da Kit Kat, também feito aqui, custa em Londres uma libra (R$ 5). Aqui custava R$ 53. Os imóveis seguem a mesma toada. Casas que por aqui custam até R$ 1 milhão, nos Estados Unidos custariam nem a metade do preço. E em cidades melhores.
Nòs, ricos ou otários, mais otários que ricos, pagamos caro também por eletrônicos. Nosso iPhone 6, feito pela Foxcom, em Jundiaí, é o mais caro do mundo. Com o que se paga aqui dá para viajar até Nova Iorque, ficar por lá dois dias num hotel razoável, comprar o iPhone e ainda voltar com um troco na carteira.
Também temos o Playstation mais caro do mundo. Mas tem explicação. Dos R$ 4 mil que se paga pelo console, 60% são impostos. Se o assunto é diversão, vamos a outra comparação – temos o ingresso de cinema mais caro do mundo. O mais barato é o de Cingapura. Temos também o ingresso mais caro do mundo para o futebol – e mesmo assim ninguém baixa preço, apesar de haver público cada vez menor.
Vamos aos carros. Um Fiat Uno básico sai por quase R$ 40 mil aqui, equivalente a US$ 12,5 mil. Como todo mundo coloca assessórios, o carro acaba custando o mesmo que um Honda Civic na Europa, US$ 15 mil. Continuando as comparações – aqui se paga por um Celta o mesmo que se paga por um Hyundai i30 na Europa. Aqui também pagamos por um Astra o mesmo valor de uma BMW3 na Europa.
Muita gente está usando barba não é à toa. Um creme de barbear aqui custa seis vezes mais que nos Estados Unidos. Celular então nem se fala – temos a quarta colocação no mundo em questão de ser caro. A telefonia celular, mesmo assim, continua um lixo. Aqui temos sete operadoras. Nos Estados Unidos existem 84. Telefone fixo não fica atrás em termos de preços. Nos Estados Unidos há 92 empresas; aqui, somente oito.
Em questão de energia elétrica, somos a terceira mais cara do mundo. Impostos são só 45% da conta de luz. Outro lixo que aqui custa caro é a Internet – é a segundo mais cara do mundo. O Brasil tem quase 90 milhões de pessoas usando Internet. Só na Argentina isso fica mais caro. O mais barato serviço de Internet é o do Japão.
Nem falamos de roupas e calçados. Nem falamos de aluguéis ou restaurantes, Nem falamos do preço da gasolina. Bem, não falamos para não chorar. Nâo chorar e nem lembrar que no fundo no fundo somos mesmo um bando de otários, que paga o que pedem, sem questionar nada. Bem feito.

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