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sábado, 18 maio, 2024

Editorial: A praça da discórdia

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Novamente o assunto é a maldita praça da Vila Hortolândia. Praça Joaquim Soares Lemos, pra sermos exatos. E embora o assunto já tenha sido martelado neste jornal, a praça está cada dia pior. Cada dia mais terra de ninguém. Cada dia mais um cenário de Mad Max.
Todos os dias há grupos de andarilhos. Todos os dias há grupos de flanelinhas intimando motoristas a dar-lhes dinheiro. Todos os dias há gente fazendo do banheiro público lugar para o banho e para cópulas. Será que ninguém consegue dar um jeito nisso?
Nos fins de semana a situação é assustadora. No domingo de Páscoa, por exemplo, o número de pedintes era bem acima do normal. Uma andarilha tomou tranquilamente seu banho de canequinha na frente de todos. Um casal de andarilhos não se fez de rogado e provou, ali na grama, que o amor é lindo.
Vendedores de CDs e DVDs piratas armaram suas barraquinhas e venderam o que puderam. Não foram incomodados um minuto sequer. Perto da praça, cientes de que não haveria fiscalização num feriado prolongado, vendedores aproveitaram para oferecer escancaradamente seus produtos. Tinha de tudo: panela, rede, tábuas de carne, pufs e até piscina portátil. Tudo sem nota, ou qualquer indicação de procedência.
Quando foi construída, a praça tinha uma finalidade. Para a maioria dos moradores da região, o grande problema da praça é o banheiro público. Acredita-se piamente que se o banheiro público for fechado, os andarilhos desaparecerão. Com eles, os banhos públicos, ao ar livre, de canequinha, e as inquestionáveis provas de amor.
Não fiquemos somente na praça. O terminal urbano precisa de jeito também. Os baixos de suas passarelas se transformaram – ora são abrigos noturnos, ora são banheiros; às vezes, pontos para se vender droga. Mas os habitués do terminal se limitam a isso. Quando precisam, usam o banheiro público da praça.
Há quem diga que esse banheiro é um gesto humanitário. Pode até ser, mas quanto mais facilidade, mais atração. Mendigos, por exemplo, não vão para as cidades onde o povo não tem costume de dar esmola. Andarilhos não param em lugares onde lhes falte tudo. Seguem o caminho.
E se alguém quiser comprovar essas teorias, basta observar os bancos de praça atuais. Não são mais como os antigos. São individuais, separados. Esse desenho tem uma finalidade – evitar que vagabundos aproveitem esses bancos para dormir. E ninguém morreu por causa disso.
A maior praça do mundo, a de São Pedro, no Vaticano, não tem bancos nem árvores. Quem vai a ela vai em busca de oração, de penitência; vai ver o papa, rezar. Nela não há banheiro público para os miseráveis tomarem banho ou copularem, nem torneira para banhos públicos de canequinha. Se lá pode ser assim, que assim seja aqui também. Morte ao banheiro público!

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