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terça-feira, 21 maio, 2024

2015, o ano que não terminou. Ou 2016 que não começou?

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Habituamo-nos a estabelecer o dia 31 de dezembro como um ponto final numa série de problemas que nos atormentaram durante o ano; e o 1º de janeiro como o começo de uma nova era, como se não houvesse passado, ou restos desse passado. É uma convenção estabelecida há séculos, nunca contestada. Nada mais mentiroso e hipócrita.
O ano que terminou não foi fácil. Brotou corrupção em todos os lugares, e até gente que nem imaginava um dia vestir um par de algemas está presa. Culpa de um ex-obscuro juiz federal de Curitiba, que resolveu levar a sério o que aprendeu nos seus anos de estudo e carreira. Esse juiz incendiou o país, no bom sentido. Mostrou que ainda existe Justiça, e que os endinheirados não estão acima da lei.
Mas, corrupção de lado – e neste ano ainda não apareceram novos escândalos – foi um ano que confirmou tudo o que diz o jornalista José Simão, que irreverente ao extremo, classifica o o Brasil como o país da piada pronta. Saudações à mandioca, a descoberta da Mulher Sapiens e o engarrafamento do vento entrarão para o anedotário ad eternum.
Em nossa cidade, um projeto ainda tenta salvar o Paulista, um clube tradicional de futebol, fundado pelos antigos ferroviários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro em 1909. Veleu o esforço, mas até agora não há resultados. Parecem todos cansados da cantilena, parecem todos enojados com o que se descobre nesse meio a cada dia, incluindo a Fifa.
O Paulista é só um reflexo de tudo isso. Deu azar ainda ao dar de cara com um momento de crise, quando indústrias demitem e comércio reclama não vender o pretendido. Nunca se falou tanto em crise como no ano passado. E 31 de dezembro não colocou fim à crise – serviu de ponte para ela continuar neste ano.
A crise tão apregoada que leva milhares de carros às estradas em qualquer feriado melhorzinho. A crise que coloca nessas estradas carros do ano, luxuosos e caros. A crise que não vende, mas que permite a muitos comerciantes deixarem suas portas fechadas nas emendas de feriados. A crise que faz custar mais de três mil reais um convite para festa de Reveillon- todos esgotados.
O ano passado foi idêntico aos anos anteriores. Igrejas ditas evangélicas continuaram proliferando graças à legislação capenga ou complacente, que não lhes cobra impostos sobre seus lucros absurdos. E abrir uma igreja custa somente R$ 418 em papéis. Não precisa ter lugar para reunir fiéis, nem ir atrás do dízimo. Nem pregar ou fazer milagres. Igreja está isenta de praticamente tudo. Até seus carros escapam do IPVA.
Pastores mal intencionados continuaram inventando de tudo para iludir os incautos. A bispa Sônia, da Igreja Renascer, por exemplo, lançou perfume com o cheiro de Jesus. Edir Macedo deixou a Terra e agora é um profeta vindo dos céus para salvar os infiéis. Valdemiro Santiago continua vendendo suas toalhinhas – suadas e fedidas – que curam até câncer e permitem que mulheres sem útero e ovários tenham filhos naturais.
As televisões continaram arrepiando a lei. Desobedecendo tudo abertamente, sem qualquer constrangimento. Emissoras consideradas comunitárias rechearam sua programação com programas evangélicos, bem pagos. Rádios, que não poderiam também vender horários, espalham os milagres incompreensíveis para nós, pobres pecadores.
E nada, absolutamente nada, vai mudar em 2016. Se mudar, será pra pior. Grita-se contra a presidente – uma anta de saias – mas tudo não passa de protestos inócuos. Protestos que se tornaram uma espécie de passarela e palco para fotos a serem colocadas imediatamente no Facebook ou no Instagram, onde dividirão espaço com cachorrinhos, gatinhos e pratos de comida.
Melhor seria abolir calendários, ou conservá-los somente para contagem do tempo. Ou nem isso mais é preciso. O Google tem tudo. O mesmo Google que se transformou em Vad Mecum para médicos e advogados, principalmente. Médicos cubanos e nacionais. Bons advogados ainda consultam livros. Bons médicos sabem o que encontram em seus pacientes.
Seremos, neste ano, a mesma coisa do ano passado, do ano retrasado. Continuaremos reclamando de tudo. Esbrontolando, como diriam os velhos italianos e seus filhos italianados. Nossa vida continuará como sempre foi – uma esbórnia. E nem entram na conta as eternas promessas de final de ano velho, como fazer dieta, caminhada, emagrecer, parar de fumar, se comportar melhor. No fim, tudo é uma balela só.

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