Enquanto durou, a Argos Industrial SA foi um império. Começou produzindo tecidos, passou a confeccionar roupas, vendeu para o mundo inteiro. Mas, com problemas de administração, acabou falindo em 1984, depois de alguns anos de declínio e algumas intervenções de bancos que lhe haviam emprestado dinheiro.
Na segunda passada (27), sessenta ex-funcionários participaram de encontro promovido pela Biblioteca Municipal. Lá, relembraram histórias. “Eu entrei na Argos em 1979 e fiquei até os últimos dias de funcionamento da fábrica. Era uma grande empresa. Comecei como conicaleira (responsável pelo acabamento) e virei costureira. Éramos uma família e tínhamos de tudo: associação, creche, enfim. Voltar aqui e reencontrar pessoas daquele tempo, depois de 30 anos, é uma emoção”, afirmou Neusa Maria Conceição Statuto.
Além de antigos funcionários, filhos, netos e sobrinhos foram ao encontro, mediado pelo historiador Wilson Ricardo Mingorance. “Essa é uma maneira diferente de comemorarmos o Dia do Trabalho. Estamos conhecendo a história de uma empresa que teve grande relevância para a economia não só da cidade, mas do Estado, por meio de relatos orais de quem fez parte de alguma forma da fábrica”, comentou o historiador.
A Argos nasceu em 1913 como Sociedade Industrial Jundiaiense. Mudou de nome no mesmo ano. Produziu gabardine para as fardas do Exército e tecidos disputados pelos lojistas. Nos anos 1970, montou confecção de jeans e passou a produzir marca própria, a Free. Seu logotipo – junção do A e do I estilizados, foi desenhado por Messias Lemos.
Foi uma pioneira em termos de assistência social. Tinha associação de empregados (uma espécie de cooperativa), construiu casas para funcionários (vilas Argos Velha e Argos Nova), tinha creche em período integral (inaugurada em 1945), convênio médico num tempo em que ninguém pensava em plano de saúde, mas um dia tudo acabou.