16 milhões a mais de crianças da América Latina poderão estar vivendo na pobreza até o fim deste ano caso não sejam tomadas medidas urgentes para combater a crise econômica
O aumento, 22% a mais das que havia no ano passado (72 milhões), significa que quase metade das crianças da região (46%) farão parte de lares que sobrevivem com pouquíssimos recursos, arirma o Unicef. As crianças da América Latina e Caribe sofrerão os efeitos econômicos mais severos da pandemia, atrás de alguns países europeus e da Ásia Central, segundo o estudo, baseado em projeções do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional e dados demográficos de uma centena de países. Além disso, a crise gerada pela pandemia ampliará o abismo existente entre as crianças de famílias pobres e ricas, afirma o comunicado.
“Esse aumento esmagador colocaria América Latina e Caribe em níveis semelhantes aos de quase 10 anos atrás e reverteria significativamente os avanços na luta contra a pobreza infantil registrados na maior parte da região no século 21”, afirma Mónica Rubio, assessora de políticas sociais do Unicef para a região.
Segundo a Cepal, em consequência da pandemia, a região irá experimentar a pior contração econômica desde 1930, de 5,3%. A América do Sul verá crescer quase 30% o número de crianças que viverão em lares pobres, 11 milhões a mais do que no ano passado.
O Unicef e Save The Children pediram que sejam ampliados urgentemente e em larga escala os programas de proteção social, incluindo ajudas em dinheiro, refeitórios escolares e qualquer outro benefício que chegue às crianças. Além disso, recomendaram que sejam criadas bases para que os países enfrentem futuras crises a um custo social menor.
Uma perda imediata da renda significa que as famílias terão menos chances de ter acesso à alimentação suficiente, atendimento médico ou educação para seus filhos, segundo as entidades. A longo prazo, crescem as chances de as crianças serem submetidas ao trabalho infantil e sofram violência ou transtornos mentais. “Permitiremos que as crianças paguem a conta da Covid-19?, questiona Mónica Rubio. Está cada vez mais claro que as consequências dessa privação econômica para as crianças poderão ser duradouras ou até mesmo irreversíveis”.