Crise econômica seria o motivo da mudança, e transferências fizeram escolas perde até 12% de alunos
Seria uma história fácil de entender, não houvesse no meio outra história. Com o país em crise, muita gente tira filho da escola particular para estudar de graça em escola pública. Esse é o fato. Segundo a diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, esse “muita gente” vai de 10 a 12%.
O outro fato. Muitas escolas particulares aproveitam isso para fechar salas de aula e mandar embora professores, fato já constatado pelos sindicatos de todo o país, inclusive o Sinpro de Jundiaí. Um exemplo: numa classe de 30 alunos, cinco não são rematriculados. Os 25 que sobraram são repartidos entre outras classes do mesmo ano, a classe dos 25 é fechada e os professores vão pra rua. Culpa da crise.
Segundo Amábile, a Fenep identificou a saída de estudantes de escolas privadas, principalmente de famílias das classes C e D – parcela da população que teve ganho de poder aquisitivo antes da crise e agora sente mais os efeitos da desaceleração econômica. E isso é verdade. Mas por outro lado…
As escolas que têm como clientes estudantes das classes A e B tiveram aumento no número de matrículas, de até 4%. Como escola particular não é feita para pobres, a saída dos que têm orçamento apertado é natural.
“Teve migração maior de escolas que atendem as classes C e D, que cresceram mais nos últimos cinco anos com aquela ilusão do boom do crescimento. Essas classes tinham o sonho de colocar os filhos na escola particular e, com os cortes que fizeram no orçamento, a escola não coube mais”, afirma Amábile.