O aumento das internações por doenças respiratórias e a epidemia de Dengue têm gerado superlotação nos hospitais públicos e privados de São Paulo.
Pessoas entrevistadas pela reportagem relataram espera de quatro a seis horas em unidades de pronto-atendimento na capital.
De acordo com boletim divulgado nesta sexta-feira (26) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), houve um aumento significativo de casos do vírus sincicial respiratório (VSR), resultando na fatalidade de crianças pequenas.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo informou que, em abril, houve 240 internações por dengue nos hospitais municipais. Em março, foram registradas 200 internações e, em fevereiro, 80 casos. A SMS esclareceu que não houve aumento nas internações por Covid-19 de janeiro a abril.
“A SMS continua monitorando o cenário epidemiológico das doenças respiratórias e casos de dengue em toda a cidade. A capital dispõe de 5.075 leitos, entre Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e enfermarias”, afirmou a secretaria em nota.
Rede privada
No Hospital São Camilo, unidades Pompeia, Santana e Ipiranga, em março, 22% das internações foram devido a síndromes respiratórias, com 62% dos pacientes sendo crianças. Em abril, até o dia 18, as síndromes respiratórias foram responsáveis por 29% das internações, sendo 63% delas em crianças.
No Hospital Albert Einstein, localizado no Morumbi, até o dia 18 deste mês, 191 pessoas foram hospitalizadas devido a síndromes respiratórias, resultando em uma média de 10 internações por dia.
No Hospital Sabará, especializado no atendimento infantil, durante a semana de 14 a 20 de abril, 91% dos testes virais realizados em pacientes foram positivos. Em 35% dos casos, os pacientes foram diagnosticados com o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
Devido ao aumento significativo na busca por atendimento hospitalar, o hospital implementou um plano de contingência para priorizar o tratamento de crianças com sintomas graves de síndrome respiratória. Um aviso foi destacado no site da instituição para informar sobre a situação.
O infectologista Renato Kfouri destaca que a elevada circulação de vírus tende a impulsionar a procura por tratamento nos hospitais. Ele ressalta que a coincidência dos picos de covid-19, gripe e vírus sincicial pode sobrecarregar os sistemas de saúde, incluindo unidades de emergência, hospitalizações, leitos e unidades de terapia intensiva. Além disso, ele menciona a presença da dengue, outro vírus que, embora não seja transmitido pelo ar, contribui para quadros de febre e procura por serviços de emergência e internações.
Kfouri enfatiza que as crianças estão entre os grupos mais vulneráveis, assim como os idosos. Ele salienta que, embora se fale menos sobre os idosos, a gripe, a covid-19, o vírus sincicial e as pneumonias são igualmente graves nessa faixa etária, comparáveis às crianças.