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sexta-feira, 22 novembro, 2024

Filho de desembargador do TRF-4 recebe ameaça após decisão contra Tacla Duran

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João Eduardo Barreto Malucelli, filho do desembargador Marcelo Malucelli, registrou boletim de ocorrência em que afirma ter recebido uma ligação, em tom de ameaça, um dia depois da decisão de seu pai que acolheu pedido do Ministério Público Federal (MPF) contra o doleiro Rodrigo Tacla Duran. As informações são da Jovem Pan.

De acordo com informações, o advogado relata que uma pessoa identificada como Fernando Pinheiro Gonçalves, do Setor de Saúde da Justiça Federal, iniciou a chamada dizendo estar à procura do desembargador para tratar de “coisas antigas” supostamente relacionadas a créditos de imposto de renda. 

Ao explicar que o telefone não pertencia a seu pai, o interlocutor começou a fazer questionamentos aleatórios, mostrando que possuía vários dados pessoais seus. “No final da conversa, Fernando disse: ‘E o senhor tem certeza de que não tem aprontado nada?’ com tom ameaçador”, relatou o advogado. 

Na sequência, o interlocutor desligou. A chamada partiu de um número sem identificador, mas foi gravada por João Eduardo, que também protocolou a transcrição da conversa de pouco mais de 3 minutos.

João Eduardo namora a filha do senador Sérgio Moro e integra o escritório de advocacia da família. Essa relação tem sido explorada por rivais do ex-ministro, que o acusam de ter sido beneficiado pelo desembargador. 

No último dia 13 de abril, Marcelo Malucelli anulou a revogação da prisão de Tacla Duran sob entendimento de que Eduardo Appio, atual titular da 13a Vara Federal em Curitiba, não poderia ter decidido num processo que já havia sido paralisado pelo ministro Ricardo Lewandowski. 

O Conselho Nacional de Justiça cobrou esclarecimentos do integrante do TRF-4. Na avaliação do corregedor, ministro Luís Felipe Salomão,  esse cenário sugere alguma falta funcional com repercussão disciplinar por parte do desembargador Marcelo Malucelli, o que exige a atuação da Corregedoria Nacional de Justiça, para melhor compreensão dos fatos narrados.

Duran atuou como doleiro de várias empreiteiras no esquema do petrolão, investigado pela Lava Jato. Só da Odebrecht, admitiu ter lavado mais de US$ 300 milhões em propina, depois distribuída em offshores para pagamentos de agentes públicos. 

Para escapar da cadeia, o doleiro fugiu para a Espanha, onde seguiu atacando Moro e outros integrantes da força-tarefa, com acusações sobre um suposto esquema de venda de delações. 

O doleiro chegou a ser ouvido pelo Congresso e tentou um acordo de colaboração com a PGR de Augusto Aras, mas as denúncias não seguiram adiante por falta de provas. 

Apesar disso, Appio, que assumiu os processos da Lava Jato, resolveu reciclar as acusações e chegou a ouvi-lo em audiência semanas atrás. Antes de se aposentar, Lewandowski determinou que a investigação citando o senador do União Brasil permaneça no Supremo. 

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