Os constantes ataques violentos que jornalistas têm sofrido diariamente em entradas ao vivo, levou a Globo a mudar o seu protocolo para a cobertura do dia a dia dos presidenciáveis. A emissora não irá escalar os chamados “carrapatos”, repórteres que seguem o candidato para onde ele for durante a campanha. Esta será a primeira eleição que a líder de audiência abre mão do tradicional esquema.
A decisão foi encabeçada por Ali Kamel, diretor de Jornalismo da Globo e comunicada oficialmente às afiliadas recentemente, segundo apurado pela reportagem. Quanto à cobertura da campanha para governadores, a Globo orientou que a decisão será tomada caso a caso, a depender do clima de polarização de cada Estado.
Atualmente, a situação eleitoral recomenda que candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) –que constantemente atacam a Globo– sejam acompanhados por repórteres “à paisana”, ou seja, sem identificação nos microfones.
Com essas mudanças, a cobertura presidencial da Globo vai apresentar a agenda diária dos concorrentes, com imagens de câmeras e vídeos de internet. Os repórteres só vão gravar textos para complementar as reportagens depois, em lugares neutros, londe das comitivas dos candidatos.
Em 2022, a campanha política de 2022 preocupava muito a Globo por causa da tensão provocada pela polarização. Além disso, a emissora tem sido rejeitada nos seus projetos, tanto por Bolsonaro quanto por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente e líder das pesquisas.
Para esta disputa eleitoral, o maior temor da Globo é a possibilidade de recusa das entrevistas na bancada do Jornal Nacional, marcadas para iniciar no próximo dia 22.
Neste ano, as sabatinas terão duração de 40 minutos e serão conduzidas por William Bonner e Renata Vasconcellos.
De acordo com o cronograma, Bolsonaro será o primeiro candidato sabatinado, no dia 22, uma segunda-feira; Ciro Gomes (PDT), na quarta (24); Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quinta (25); e Simone Tebet (MDB), na sexta (26). André Janones seria na terça (23), mas ele deverá desistir após fechar apoio a Lula.
Procurada pela reportagem, a Globo preferiu não dar detalhes dos protocolos: “Não comentamos medidas de segurança exatamente por questões de segurança. Mas garantimos que mesmo um cenário político tão polarizado não impedirá o trabalho legítimo da imprensa. A Globo fará, como sempre fez, uma cobertura das eleições com isenção e profissionalismo”. (UOL)