No mundo todo, o aumento do número de casos de demência pressiona especialistas com uma questão que se torna cada vez mais relevante: como garantir o bem-estar físico e emocional de pacientes e cuidadores? Na Austrália, um programa parece oferecer algumas respostas. Realizado pela Flinders University em cinco instituições de longa permanência, o projeto piloto criou seleções musicais personalizadas para os residentes, ou seja, cada um podia apreciar as músicas de sua preferência.
O estudo integra a iniciativa “Harmony in the bush”, com duração prevista de dois anos, cujo objetivo é identificar elementos não farmacológicos que tragam bem-estar aos doentes. Esse tipo de intervenção, amparada na arte e centrada no indivíduo, resultou em menos sintomas psicológicos e comportamentos disfuncionais entre os pacientes; e num nível menor de estresse por parte dos cuidadores. Na Austrália, entre 60% e 70% dos idosos vivendo em instituições têm demência. Desse contingente, entre 70% e 90% apresentam algum tipo de sintoma psiquiátrico. A música melhorou sua disposição, estimulou a memória e teve um efeito tranquilizador.
De acordo com o doutor Vivian Isaac, especialista em epidemiologia psicossocial e autor sênior de artigo publicado na “BMC Geriatrics”, pelo menos um terço dos residentes exibia um quadro depressivo de leve a severo antes da experiência: “o modelo é eficaz. Houve queda significativa de comportamentos agressivos e agitação dos pacientes, o que, por tabela, diminui o estresse dos cuidadores”. Os pesquisadores também constataram uma redução de uso de medicamentos psicotrópicos em relação aos meses anteriores ao projeto.