O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou nesta terça-feira (27) que os chineses “inventaram” o coronavírus, e que a vacina do país para impedir o avanço da doença é “menos efetiva” do que o imunizante da Pfizer, dos Estados Unidos.
Nesta terça-feira, o Senado instalou a CPI da Covid, comissão parlamentar de inquérito destinada a investigar as ações do governo na pandemia, que já provocou quase 400 mil mortes no Brasil. Um dos eixos da investigação da CPI será apurar as razões da demora para aquisição de vacinas pelo governo.
Atualmente, a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, é a responsável por cerca de 80% das pessoas vacinadas no Brasil — o próprio Guedes tomou a vacina. O restante das vacinas aplicadas no Brasil são imunizantes desenvolvidos pela parceria entre o laboratório Astrazeneca e a Universidade de Oxford.
Por razões ideológicas, o presidente Jair Bolsonaro e aliados lançaram suspeição sobre a eficiência da CoronaVac. Bolsonaro chegou a vetar a aquisição da CoronaVac. “Da China nós não compraremos. É decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso”, disse Bolsonaro em outubro do ano passado. Depois, sem opções de outras vacinas, cedeu. “O chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva do que a americana. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Então, os caras falam: ‘Qual é o vírus? É esse? Tá bom, decodifica’. Tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor do que as outras”, declarou Paulo Guedes, durante reunião do Conselho de Saúde Complementar.
Diferentemente do que Guedes afirmou, porém, a vacina da Pfizer não foi desenvolvida por americanos, mas por um casal de cientistas alemães de origem turca, dono da empresa Biontech.
As vacinas Pfizer-Biontech ainda não foram aplicadas no Brasil. Em agosto do ano passado, o governo não aceitou oferta de 70 milhões de doses da Pfizer para entrega até dezembro. Somente em março deste ano, anunciou a compra de 100 milhões de doses de vacinas da Pfizer, com prazo de entrega em duas parcelas até setembro. Segundo o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten, o atraso foi motivado por “incompetência”.
Guedes não sabia que a reunião do conselho estava sendo gravada e transmitida por redes sociais. Quando foi informado, disse: “Não mandem para o ar”. Após a reunião, o Ministério da Saúde retirou o vídeo da página da rede social da pasta.
No fim de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou relatório sobre a origem do coronavírus, que deixa em aberto uma das principais incógnitas dessa pandemia: como o vírus surgiu e como atingiu os humanos.
Embora os primeiros casos de contaminação pelo coronavírus tenham aparecido primeiro na China, o estudo considerou que é “extremamente improvável” que tenha atingido os humanos devido a um incidente em laboratório, conforme suspeitas levantadas em 2019. As hipóteses mais prováveis, diz o documento da ONS, são: é “possível ou provável” que a origem tenha sido contágio direto de animal para humano; é “provável ou muito provável” que tenha existido um animal intermediário entre um animal infectado e o homem; é “possível” que o vírus tenha atingido os humanos por meio de produtos alimentícios.
Balanço da vacinação contra Covid-19 desta segunda-feira (26), até as 20h, aponta que 29.554.723 pessoas já receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19. O número representa 13,96% da população brasileira.