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sábado, 7 setembro, 2024

Inverno pode agravar ceratocone

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A previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) para este inverno é de frequentes inversões térmicas e persistente baixa umidade do ar, entre 20% e 30% em parte da região sudeste e na região centro-oeste. Neste clima, o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor do Instituto Penido Burnier, afirma que a maior concentração de poluentes no ar causa doenças nas vias respiratórias como asma, sinusite ou rinite.
“Com frequência provocam alergia e coceira nos olhos, principal fator de risco para desenvolver o ceratocone”, pontua. Na opinião do especialista que é membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e faz parte da Sociedade Internacional de Ceratocone (IKA, na sigla em inglês) isso explica porque o número de pessoas com ceratocone não para de crescer no mundo.
Dados da Organização Mundial de Alergia (OMA) revelam que hoje 40% da população mundial têm alguma condição alérgica e a estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que até 2050 metade da população global vai ter algum tipo de alergia.
Para se ter ideia, levantamento realizado nos prontuários de 319 pacientes que tratam ceratocone no hospital, mostra que 204 deles, ou 64%, sentem desconforto nos olhos quando são expostos às variáveis ambientais frequentes no inverno – frio, vento e poeira. Queiroz Neto explica que isso ocorre porque o ceratocone é uma degeneração na córnea, lente externa do olho, que tem aumentado ano a ano por conta do aquecimento global.
O oftalmologista explica que normalmente a córnea tem formato esférico e focaliza as imagens que capta sobre a retina. “No ceratocone ocorre o desbridamento das fibras de colágeno do estroma, camada intermediária e mais espessa que dá sustentação à córnea”, afirma.
A condição geralmente surge na adolescência, mas pode ocorrer na infância ou em jovens adultos e progressivamente afina a córnea.
“Estas alterações fazem o formato esférico da córnea se tornar cônico. Por isso, as imagens passam a ser focalizar em diferentes pontos da retina”, elucida.
“Caracterizado por miopia, dificuldade de enxergar à distância, e astigmatismo irregular que torna a visão desfocada para perto e longe, o ceratocone é a maior causa de transplante de córnea Brasil mesmo com todos os avanços tecnológicos que foram incorporados pela Oftalmologia nos últimos anos”, salienta
Queiroz Neto afirma que o diagnóstico do ceratocone inclui exame de refração, paquimetria óptica que mede a espessura da córnea sem tocar nos olhos e a tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla em inglês) exame de imagem preciso que avalia as cinco camadas da córnea. No início, a condição é corrigida com óculos, mas conforme progride a correção visual só é possível com lentes de contato rígidas que aplanam a córnea e melhoram a nitidez das imagens que chegam à retina.

Tratamentos
Quando o ceratocone é diagnosticado na fase inicial pode ser corrigido com óculos. Conforme a condição progride os óculos são substituídos por lentes de conta rígidas.
Queiroz Neto afirma que o único tratamento que interrompe a progressão do ceratocone é o crosslink – uma associação de riboflavina (vitamina B2) e radiação UV (ultravioleta) para tornar a córnea até três vezes mais resistente e interromper a evolução da doença.
O especialista destaca que em muitos pacientes além de interromper a evolução também melhora a visão em até duas linhas na carta de Snellen. A má notícia, observa, é que em crianças um atraso de apenas seis meses já pode ser o suficiente para indicação de transplante. Além disso, nem todos os pacientes respondem bem ao tratamento. “Este é o caso dos que tem cones periféricos. Isso porque, a luz UV é aplicada em um plano perpendicular e atinge com menos intensidade a periferia da córnea”, esclarece.
Excimer laser utilizado em cirurgia refrativa associado ao crosslink é outra opção elencada pelo especialista para diminuir o astigmatismo irregular e ao mesmo tempo interromper a progressão.
Implante de ICL uma microlente que é introduzida no olho para corrigir a refração de pacientes que estão com o ceratocone estabilizado há pelo menos um ano. Queiroz Neto explica que a cirurgia não altera a fisiologia do olho e por isso não causar olho seco.
Implante de anel intraestromal que aplana a córnea, melhora a adaptação da lente de conto e a acuidade visual.

Sinais de alerta
O oftalmologista ressalta que quando o ceratocone surge na infância tem progressão bastante rápida e os pais devem estar atentos aos sinais de alerta que indicam necessidade de consulta oftalmológica imediata. Os principais são:
· Apertar os olhos em locais ensolarados. A fotofobia pode sinalizar o início de ceratocone
· Manchas branca na córnea que fica sobre a íris, parte colorida do olho.
· Borda descolorida ao redor da parte frontal do olho (anel de Fleischer).
· Dificuldade de enxergar à noite.
· Visão dupla.
· Dor, ardência e vermelhidão nos olhos.
· Coçar os olhos com frequência.

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