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sábado, 27 julho, 2024

Brasil registra aumento de internações por trombose venosa profunda

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A análise conduzida pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), utilizando informações fornecidas pelo Ministério da Saúde, abarcando o período de janeiro de 2012 a agosto de 2023, apresenta resultados alarmantes: um total superior a 489 mil cidadãos brasileiros precisaram de internação devido à trombose venosa durante esse intervalo de tempo. No último ano examinado, o número médio de hospitalizações por dia ultrapassou a marca de 165 pacientes, estabelecendo assim um novo recorde para o período analisado.

Segundo especialistas consultados pela Agência Einstein, há uma tendência de aumento desses números. As razões por trás do crescimento dessa condição, caracterizada pela formação de coágulos nas veias, potencialmente obstruindo o fluxo sanguíneo de retorno ao coração, estão se tornando mais proeminentes na rotina diária.

O envelhecimento da população é um fator significativo. Conforme aponta o cirurgião vascular e endovascular Henrique Lamego Jr., coordenador de relacionamento com o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, “À medida que a idade avança, aumentam os riscos”.

Os médicos explicam que o sedentarismo é outro fator de risco relevante, especialmente para aqueles que permanecem sentados por longos períodos. “Atualmente, consideramos o hábito de ficar sentado como o novo tabagismo, pois o corpo humano foi projetado para o movimento, e a imobilidade favorece o surgimento de diversas doenças, incluindo a trombose”, destaca a cirurgiã vascular Aline Lamaita, que é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e do American College of Lifestyle Medicine.

Isso ocorre porque os músculos da panturrilha desempenham um papel crucial no bombeamento do sangue das pernas de volta ao coração e, quando uma pessoa permanece muito tempo inativa, esses músculos não funcionam adequadamente. Além do sedentarismo, outras causas da doença incluem o uso indiscriminado de hormônios, obesidade, tabagismo, presença de varizes e histórico familiar.

Para aqueles que trabalham sentados ou precisam permanecer na mesma posição por horas, a especialista recomenda levantar-se a cada hora e caminhar por cinco minutos. “Movimentar as pernas, fazer alongamentos, utilizar meias elásticas de compressão e beber bastante água, o que melhora a fluidez sanguínea, também são medidas bastante úteis”, acrescenta a cirurgiã vascular. “Deixe o copo com água um pouco distante, o suficiente para incentivá-lo a levantar-se da cadeira para pegá-lo, mas não tão longe a ponto de você se esquecer de beber”, orienta ela.

Efeito da pandemia de Covid-19

A pandemia de Covid-19 também desempenha um papel significativo nesse contexto, uma vez que estudos revelaram que em casos mais graves, ela pode desencadear a trombose. “Nos últimos anos, observamos um aumento expressivo no número de casos de trombose relacionados ao coronavírus. Agora sabemos que a incidência desse problema em pacientes com Covid-19 chega a 16% e pode até se manifestar em pacientes assintomáticos”, afirma a especialista. Além disso, a pandemia resultou em longos períodos de internação e contribuiu para o aumento do sedentarismo.

Outro fator que influenciou foi o aumento da conscientização da população sobre a trombose venosa profunda. “Houve uma ampla divulgação da doença pela mídia, levando muitas pessoas a suspeitarem dos sintomas que estavam experimentando e a buscarem atendimento hospitalar para diagnóstico e tratamento”, relata o angiologista e cirurgião vascular Armando Lobato, que é presidente da SBACV nacional.

Importância do diagnóstico precoce

Os sintomas indicativos de trombose venosa profunda incluem dor e inchaço na perna afetada, frequentemente começando na panturrilha, vermelhidão ou aumento de temperatura na pele, veias inchadas e visíveis, além de dor e sensibilidade ao toque.

O tratamento geralmente envolve o uso de medicamentos anticoagulantes, que ajudam a reduzir a viscosidade do sangue e a dissolver o coágulo. Além disso, é comum a recomendação de terapia anticoagulante para prevenir a formação de novos coágulos.

Buscar assistência médica imediata ao perceber os primeiros sinais da doença é crucial. “O diagnóstico precoce minimiza os riscos de complicações, como a migração do coágulo para as artérias pulmonares, o que pode ser assintomático em casos de coágulos pequenos, ou desencadear hipertensão pulmonar, quando a pressão arterial nos pulmões e no lado direito do coração é elevada”, destaca o angiologista Lobato.

“Identificar precocemente o quadro também previne ou reduz o risco de tromboembolismo pulmonar, uma condição grave em que um coágulo que se soltou e alcançou os pulmões bloqueia o fluxo sanguíneo em um dos vasos pulmonares, resultando em morte progressiva do tecido afetado e sintomas como tosse, falta de ar e dor ao respirar, podendo até levar à morte”, acrescenta o médico do Hospital Albert Einstein.

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