As crianças brasileiras estão cada vez mais altas e acima do peso ideal. A mudança foi apontada em um relatório da Fiocruz feito em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a University College London, no Reino Unido.
O estudo foi feito com base nas mudanças de índice de massa corporal (IMC, a razão do peso pelo dobro da altura) de 5,7 milhões de crianças brasileiras entre 3 e 10 anos nascidas entre 2001 e 2007 e 2008 e 2014. Os resultados foram publicados na revista científica The Lancet na segunda-feira (1º).
Os resultados indicaram que foi registrado aumento médio de um centímetro na altura infantil, tanto em meninos quanto em meninas, nos 13 anos observados. Na série histórica, o estudo indica que de 1952 até 2014 há um acúmulo de ganho de altura nas crianças brasileiras de aproximadamente cinco centímetros.
As prevalências de excesso de peso e obesidade, porém, também aumentaram. Entre os meninos, foi de 26,8% para 30%. Já entre as meninas saltou de 23,9% para 26,6%. A prevalência de meninos e meninas com peso acima do indicado no Brasil se mantinha estável entre 1974 e 2006 e aumentou apenas a partir de 2009, indica o estudo.
Pensando apenas a obesidade, o aumento da prevalência passou de 11,1% para 13,8% entre os meninos e de 9,1% para 11,2% entre as meninas (um aumento de 2,7% e 2,1%, respectivamente). Quanto à trajetória média de IMC, houve aumento de 0,06 kg/m2 entre meninos e 0,04 kg/m2 entre meninas de 2001 para 2014.
Para os pesquisadores, o aumento médio de um centímetro na altura média das crianças indica a melhoria na saúde e na alimentação materno-infantil. Porém, o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade permaneceu em índices elevados e, para a Fiocruz, isso é resultado de novos padrões de dieta que incluem, cada vez mais, ultraprocessados e aumento do sedentarismo entre crianças e pré-adolescentes.
“Esses resultados indicam que o Brasil, assim como todos os países do mundo, está longe de atingir a meta da OMS de deter o aumento da prevalência da obesidade até 2030. Vale destacar que esse impacto será ainda maior na população de crianças mais pobres, onde a prevalência da obesidade vem aumentando ainda mais”, explica a pesquisadora da Fiocruz Bahia Carolina Vieira, líder da investigação, em comunicado à imprensa.
A base de dados observada na investigação foi de famílias registradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), o Sistema de Informação de Nascidos Vivos (Sinasc) e o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).