Apesar de Jundiaí estar localizada aos pés da Serra do Japi, área de proteção ambiental que abriga uma diversidade de espécies animais e vegetais, o crescente problema do atropelamento de animais silvestres persiste, apesar das medidas de proteção adotadas. Esta preocupação não se limita apenas à região da Serra do Japi, mas abrange todos os fragmentos florestais que ainda mantêm alguma interconexão para os animais terrestres e aves passeriformes.
Recentemente, um cachorro do mato foi encontrado morto após ser atingido por um veículo na Avenida Luiz Gobbo, em Santa Clara. Relatos também indicam avistamentos de animais silvestres atravessando a Avenida Navarro de Andrade, próximo ao Paço Municipal, além de diversos casos de atropelamento envolvendo diferentes espécies.
“A maioria dos atropelamentos em vias secundárias da cidade e próximas a áreas de fragmentos florestais ocorre devido ao desrespeito aos limites de velocidade da via”, afirmou Vânia Plaza Nunes, superintendente da Fundação Serra do Japi. “Às vezes, animais como cobras, roedores e marsupiais são atropelados de propósito, devido a crenças equivocadas da população baseadas em desconhecimento do papel fundamental daquela espécie, simplesmente porque não geram empatia pelas características físicas.”
O avistamento de animais silvestres pode ser comunicado à Fundação Serra do Japi através do aplicativo da Prefeitura de Jundiaí, na função “recolhimento de animais em via pública”. “Ao sabermos onde os animais silvestres foram vistos, poderemos mapear as áreas onde eles estão aparecendo, verificar possíveis vulnerabilidades e, principalmente, adotar medidas mitigadoras quando necessário. É importante saber quão perto da vida urbana eles estão chegando devido à nossa expansão na urbanização”, explicou a superintendente.
A Fundação Serra do Japi, em parceria com a Prefeitura de Jundiaí e universidades, está analisando a implantação de sistemas com passagens para animais em pontos já informados e mapeados. O objetivo é diminuir o atropelamento de animais, além de utilizar ferramentas de sinalização e retenção de velocidade dos veículos para viabilizar a travessia segura dos animais.
“É importante salientar que após a instalação dos diferentes sistemas, o monitoramento e acompanhamento periódico devem ocorrer, pois ajustes são sempre necessários, combinando as espécies alvo da proposta e as mudanças que podem ocorrer ao longo do tempo”, destacou Vânia Plaza Nunes.
O número de animais atropelados e que passam por atendimento na ONG Mata Ciliar, de Jundiaí (SP), quase dobrou no fim de 2023. Segundo dados divulgados pela própria associação, em novembro, as equipes atenderam 23 animais. Já em dezembro, este número subiu para 42.