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quarta-feira, 1 maio, 2024

Falta de óculos é a maior causa de cegueira

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Estudo inédito mostra que a Inteligência Artificial e imagem de fundo do olho podem prever a alta miopia, risco mais relevante

Na férias toda criança deveria passar por exame oftalmológico antes de retornar às aulas. Isso porque, a miopia, dificuldade de enxergar à distância, está crescendo em uma velocidade assustadora no País. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que a falta de óculos é a maior causa de cegueira. Pior: no Brasil a maioria das crianças nunca foi ao oftalmologia. Como se não bastasse, o relatório da OMS revela em 2030 a miopia vai atingir 35,5% dos brasileiros e ter um aumento maior que a média mundial.

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, a correção da miopia é essencial para o aprendizado. “Isso foi comprovado em um levantamento com 36 mil crianças das escolas públicas que receberam óculos durante uma ação social promovida pelo hospital em parceria com a prefeitura de Campinas” pontua. Após um ano de uso dos óculos 50% tiveram melhora no desempenho escolar e 36,2% ficaram menos agitadas, uma comprovação da importância do acompanhamento da saúde ocular na infância.

Causas
O oftalmologista afirma que a miopia é hoje a principal causa de deficiência visual reversível. Pode ser corrigida com óculos ou lente de contato. É desencadeada por herança genética quando os dois pais ou um deles é míope. Mas o aumento exponencial da miopia na infância está relacionado ao esforço visual para perto imposto pela vida digital e à falta de exposição ao sol, pontua. Um levantamento realizado por Queiroz Neto no hospital com 360 crianças na faixa etária de 6 a 9 anos mostra que o uso intensivo das telas praticamente dobrou a prevalência da miopia entre os participantes.

O oftalmologista explica que se trata de uma miopia acomodativa, causada pelo espasmo nos músculos ciliares que movimentam o cristalino para focalização nas várias distâncias. A recomendação para evitar esta paralização da musculatura dos olhos é não ultrapassar 2 horas contínuas de uso das telas, recomenda.

Risco da alta miopia
Para o especialista hoje um dos maiores desafios da Oftalmologia é prever a alta miopia. Isso porque, acima de 6 graus a miopia pode causar descolamento de retina, glaucoma, catarata precoce e degeneração macular, importantes causas de deficiência visual grave que reduzem a produtividade e aumentam os custos sociais relacionados à falta de acompanhamento oftalmológico. Pior: A estimativa é que 1 em cada 10 míopes ultrapasse o marco de seis dioptrias ou graus. A boa notícia é que uma pesquisa inédita mostra que a IA (Inteligência Artificial) somada à imagem do fundo do olho podem prever a alta miopia anos antes da progressão, tornando a indicação de tratamentos preventivos mais precisa.

Efeitos na saúde
Queiroz Neto afirma que a miopia, também aumenta a tendência à depressão e insônia, sobretudo entre altos míopes, conforme ficou demonstrado em outro estudo publicado na Nature .

“Isso acontece porque todo nosso organismo – da temperatura do corpo, à pressão arterial, frequência cardíaca, fome, estado emocional e sono – é regido pela luz que sensibiliza células fotossensíveis da retina e avisa uma porção de nosso cérebro quando é dia ou noite”, pontua. O oftalmologista esclarece que no míope o diâmetro antero posterior é maior que o normal. “Esta alteração faz com que menos luz penetre nos olhos e as imagens se formem antes da retina, tornando tudo o que está distantes desfocado”, salienta. A diminuição da entrada de luz nos olhos reduz a produção de dois hormônios, adrenalina e cortisol que controlam o estresse, mantêm o bom funcionamento sistema imune e a glicemia em equilíbrio. No entardecer estes hormônios diminuem ainda mais para dar espaço à produção da melatonina, hormônio indutor do sono que também tem queda na produção e causa insônia em míopes.

Dificuldade na fala e cognição
Queiroz Neto é membro da Abracmo (Academia Brasileira de Controle da Miopia e Ortoceratologia) onde muitos pediatras têm relatado que recebem em seus consultórios crianças com necessidade de acompanhamento de um fonoaudiólogo. Isso porque, são crianças que aos 2 anos ainda não entraram na fase do balbucio por terem no celular uma babá eletrônica. O oftalmologista explica que a OMS preconiza não expor crianças com até dois anos às telas porque o cérebro está em desenvolvimento e a neuroplasticidade fica comprometida por esta exposição.

Prevenção
O especialista ressalta que poucos pais conseguem restringir o tempo de uso das telas porque hoje as crianças estudam pelo computador ou celular. A boa notícia é que a miopia pode ser prevenida com duas horas/dia de atividades externas durante o dia. Isso porque, o sol estimula a produção da dopamina, hormônio que controla o crescimento do olho, maior nos míopes.

Hoje também já estão disponíveis lentes de contato e de óculos que controlam a progressão da miopia. As lentes comuns, explica, corrigem a visão, mas na periferia da retina jogam a imagem à frente da retina estimulando o crescimento axial do olho e, portanto, a progressão da miopia. Nas novas lentes de contato e óculos as imagens se formam exatamente encima da retina em toda sua extensão e isso permite o controle da miopia. Não significa que estaciona totalmente, apenas controla.

As recomendações da OMS de uso seguro das telas são:
• Menores de 2 anos. Não é indicado o uso de telas.
• Entre 2 a 5 anos, o ideal é não ultrapassar 1 hora diária e sempre com um adulto por perto.
• Entre 6 a 10 anos, no máximo 2 horas por dia e também com a supervisão de um adulto.
• A partir dos 10 anos, não ultrapassar o limite de 3 horas por dia. É importante também evitar a utilização de noite, que pode causar agitação e atrapalhar o sono.
• Para todas as idades, sempre preferir as telas maiores e usar mantendo distância. Se for tablet ou celular, a recomendação é de 30 cm entre o aparelho e rosto. Outra recomendação é evitar a utilização durante as refeições. Isso porque, induz á alimentação compulsiva e leva ao ganho de peso, outro problema de saúde que está em alta entre as crianças brasileiras.

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