Temos visto crescerem exponencialmente associações ongs que se propõem a defender animais. Também não faltam apelos para adoção de cães e gatos abandonados por seus donos. E isso, o abandono, é covardia e falta de caráter. Mas o que se percebe é que hoje tem mais valor um animal do que um ser humano. O que é triste.
Dia desses, passando pelo Centro, em Jundiaí, vi um mendigo sentado num banco mostrando um cartaz. E esse cartaz anunciava: Me ajude – eu e meu cão. Sob o banco, o cão. O cartaz me chamou a atenção, pois estava muito bem feito. E o mendigo não estava perturbando ninguém. Curioso, voltei e perguntei quem havia feito o cartaz. Ele afirmou ser o autor.
E aí perguntei se estava dando resultado. Estava, disse ele. Há dias em que o cão recebia doações de sacos de ração, e ele, o mendigo, um mísero pãozinho. Resumindo a história: o cara teve uma tremenda desilusão em seu casamento e resolveu morar na rua. Algo de que se arrepende. Garantiu não ser alcoólatra e nunca haver experimentado qualquer tipo de droga.
Disse ainda que quer trabalhar, mas não consegue por causa de sua tosca apresentação. Roupas puídas, barba e cabelo desgrenhados. E tem profissão. Mas o que chocou foi o fato do cão ser melhor tratado que ele. Alguma coisa está errada neste mundo. Nada contra socorrer animais, mas acredito que o ser humano merece mais atenção.
Quem está nas ruas? Certamente há muitos malandros, preguiçosos, que entenderam que é melhor viver de caridade do que trabalhar. Mas um dito antigo afirma que “um pãozinho e um copo d´agua não se nega a ninguém”.
Será que não é hora dessa gente pensar melhor sobre quem ajudar? Há seres humanos – se é que podemos chamá-los de humanos – infinitamente inferiores a um rato. Mas será que, junto com saco de ração, não podemos ajudar quem realmente precisa? E isso é uma questão de escolha e de consciência. E antes que me esqueça: o nome do cachorro era Sadam, mas não latia em árabe.
