Baseado em uma história real e, talvez, um dos longas mais esperados do ano, A Mulher Rei por si só estreia nas telas do Moviecom do Maxi Shopping Jundiaí cheio de expectativas. E não decepciona. A contar pelo papel de protagonista assumido por ninguém menos que Viola Davis (A Voz Suprema do Blues),. Uma personagem guerreira, numa comunidade onde as mulheres é que integram a guarda do rei. Os ingressos podem ser adquiridos pelo ingresso.com/cinema/moviecom.
A história é inédita nas telonas do cinema e nem precisa buscar explicação: oriunda da África, não é segredo que o mundo inteiro faz com os países africanos, em termos de esquecimento e anulação cultural. E é justamente nesse ponto que A Mulher Rei decide resgatar e presentear o espectador. Somos imersos na cultura de Daomé do século 17, onde as tribos lutavam entre si para conseguir escravizar uns aos outros e vender para os europeus que chegavam o tempo todo em navios. Cada detalhe vai sendo explorado com cuidado e apreço pela talentosa diretora Gina Prince-Bythewood, que tem um repertório bem eclético na carreira, com longas como The Old Guard e A Vida Secreta das Abelhas.
Davis (Nanisca) é a chefe da tribo de mulheres guerreiras Agojie, que integram a guarda do rei Ghezo (John Boyega, Star Wars: A Ascensão Skywalker). Ela tem o interesse em parar de escravizar os inimigos que perdem suas batalhas e começar a investir o tempo no cultivo de dendê, que acredita que pode render muitos frutos, além de não alimentar o absurdo de subjugar semelhantes e dar aos brancos. Para isso, ela tem a seu favor duas parceiras importantes, Izogie (Lashana Lynch, 007 – Sem Tempo Para Morrer) e Amenza (Sheila Atim, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura), que treinam as novatas para virarem combatentes.
A Mulher Rei não é só sobre história e cultura, mas também um longa onde não se perde o ritmo, típico de um filme de entretenimento. O público tem contato com nomes típicos da região, costumes, alimentos, roupas e forma de se relacionar. Aos escravos é dada humanidade, ao contrário do que costumamos falar desde a época da escola. Em A Mulher Rei eles eram pessoas comuns, com ofícios, família, amigos, que foram retirados de seus lugares e forçados a servir como escravos. Tudo isso o filme deixa bem claro, sem dar meias voltas para tocar no assunto.
Já sobre Viola Daves, não há como falar de sua performance sem dizer da majestade que é a presença. Algo factível, ainda que desnecessário. Viola tem uma presença de cena impressionante e está completamente despida de qualquer outro papel que tenha realizado. O seu empenho em adquirir o perfil físico da líder se mostrou num resultado impressionante, em cenas de lutas bem arquitetadas e ensaiadas. Dito isso, ela não é o único ponto alto do elenco. Aliás, toda a equipe foi escolhida a dedo e com muita assertividade. Não tem uma única cena em que não somos ofertados com performances incríveis e intensas.
Mesmo abordando temáticas importantes e pesadas, o longa não se furta de oferecer humor e leveza ao espectador, tornando a experiência agradável. É o tipo de filme que não percebemos o tempo passar e lamentamos o fim. Existe um equilíbrio adequado em A Mulher Rei sobre os momentos de drama, dor, luta, ação, acolhimento, cultura, etc. Prince-Bythewood foi bem coerente em suas escolhas, mostrando uma condução exemplar do roteiro, também assinado por ela.
Enfim, A Mulher Rei é um filmaço em muitos sentidos, mas certamente o maior deles é o fato de ser uma reverência à cultura africana, aos negros e sua rica história. Uma produção que vem num momento muito importante, onde o racismo está cada vez mais perceptível nos atos diários e nas notícias dos jornais. Uma devoção à comunidade negra e uma lição aos brancos, que deveriam aproveitar a oportunidade para aprender sobre os diferentes povos e culturas. Nas cenas finais, vemos um singelo tributo aos mortos vítimas de racismo mais recentes e notórios, como é o caso de George Floyd. Opção imperdível para o fim de semana.