Fonte: Canaltech
Algumas doenças fazem com que as pessoas exalem cheiros característicos, como o câncer. Essas alterações podem ser detectadas por cachorros ou ainda por formigas. Mais recentemente, pesquisadores do Reino Unido aproveitaram do olfato hipersensível de uma mulher para entender qual é o cheiro do Parkinson — e desenvolver um novo exame para a condição, que ainda está em fase de testes.
A escocesa Joy Milne, de 72 anos, ficou mundialmente conhecida como “a mulher que pode sentir o cheiro do Parkinson”. Isso porque, quando era mais nova, conseguiu sentir mudanças nos odores que seu marido exalava 12 anos antes dele ser oficialmente diagnosticado com Parkinson.
Segundo Milne, a doença confere um toque de almíscar ao cheiro do paciente. Este é um aroma muito usado em perfumes masculinos e, na natureza, é uma substância liberada pelas glândulas do cervo-almiscarado.
Ciência estuda o cheiro do Parkinson
A partir do relato da mulher escocesa sobre a mudança do cheiro do seu marido com Parkinson, um grupo de cientistas da Universidade de Manchester queria descobrir se era possível identificar outras pessoas com a mesma condição neurológica através de seus odores.
Inclusive, o grupo de pesquisadores pediu que Milne cheirasse camisetas usadas por pessoas que tinham Parkinson. Na pilha de roupas, também estavam misturadas camisetas de pessoas que nunca receberam o diagnóstico para a condição. A ideia era fazer um experimento duplo-cego.
Segundo os pesquisadores, a mulher do olfato hipersensível conseguiu identificar corretamente aqueles que tinham ou não a doença, apenas pelo cheiro atribuído à condição. A exceção foi de um caso, onde ela apontava o cheiro do Parkinson, mas o indivíduo não tinha sido diagnosticado. Passados oito meses do experimento, o paciente foi identificado com a doença.
Embora os testes com o olfato de Milne tenham pouco valor como evidência científica, já que o tamanho do grupos de voluntários era pequeno e os acertos poderiam ser obra do acaso (aleatórios), os cientistas sabiam que os experimentos apontavam para algo concreto. No futuro, um teste para o Parkinson poderia ser criado.
Novo teste é desenvolvido para a condição
Em 2019, os pesquisadores de Manchester, liderados por Perdita Barran, começaram a desenvolver um teste específico para o Parkinson. A ideia do exame era identificar alterações químicas na pele provocadas pela doença e as amostras seriam coletadas por um cotonete, que é passado na parte de trás do pescoço.
Atualmente, os estudos ainda são preliminares, mas os pesquisadores são otimistas com as perspectivas do teste para o Parkinson. Afinal, seria uma alternativa simples e barata para o diagnóstico da condição neurológica que afeta principalmente os movimentos. No momento, a maioria dos quadros é confirmada apenas pelo histórico médico do paciente.
Em paralelo, outros grupos de pesquisadores estudam uma forma de entender como a Inteligência Artificial (IA) pode ajudar no diagnóstico do Parkinson através de mudanças na respiração. Cientistas também observam, de forma remota, alterações no smartwatch e celular de pessoas com a doença para entender a evolução do quadro.