Fonte: Agência Brasil
A instabilidade no mercado internacional interrompeu a trégua no câmbio e fez o dólar atingir o maior nível em um mês. A bolsa de valores caiu mais de 2%, com a possibilidade de alta dos juros no Brasil e a queda no preço das commodities (bens primários com cotação internacional).
O dólar comercial encerrou a terça-feira (6) vendido a R$ 5,238, com alta de R$ 0,084 (+1,63%). A cotação operou em alta durante toda a sessão, chegando a atingir R$ 5,25 na máxima do dia, por volta das 14h. A moeda norte-americana está no maior nível desde 3 de agosto, quando tinha fechado em R$ 5,27. Em 2022, a divisa acumula queda de 6,06%.
O mercado de ações também teve um dia turbulento. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 109.764 pontos, com queda de 2,17%. O indicador anulou os ganhos dos últimos dias, influenciado por uma mudança de sinalizações do Banco Central (BC).
Declarações ontem (5) à noite do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária do órgão, Bruno Serra, indicaram que a instituição estuda um possível aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic (juros básicos da economia) na reunião de 20 e 21 de setembro. Juros mais altos desestimulam os investimentos na bolsa de valores porque tornam mais atrativas as aplicações em renda fixa, como títulos públicos.
Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a maioria das instituições financeiras acreditava que a taxa Selic encerraria 2022 em 13,75% ao ano. Os juros básicos estão nesse nível desde o início de agosto.
No mercado externo, o dólar subiu em todo o planeta com o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, que alcançaram os maiores níveis desde junho. No retorno do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, aumentaram as apostas de que o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) eleve os juros básicos em 0,75 ponto percentual no fim do mês.
Taxas mais altas em economias avançadas estimulam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil. O recuo do preço internacional das commodities trouxe tensões ao mercado financeiro, pressionando principalmente ações de mineradoras e de petroleiras. O barril do petróleo do tipo Brent fechou a US$ 92, com queda de 3%, mesmo após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ter anunciado queda na produção.