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sábado, 27 abril, 2024

Cientistas recomendam guardar amostras do cocô para transplantes fecais

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Fonte: Canaltech

Preservar amostras do cordão umbilical é uma atividade que pode ser realizada após o nascimento de um bebê — e o feito é justificado pelos potenciais benefícios que aquelas células-troncos podem promover em alguns casos de doença. Agora, especialistas começam a debater a preservação de amostras de cocô de pessoas jovens, que poderão ser usadas na velhice e, em tese, irão restaurar o microbioma intestinal destes indivíduos.

Publicado na revista científica Trends in Molecular Medicine, um novo estudo debate formas de restaurar o microbioma intestinal em pessoas mais velhas. Mais pesquisas ainda são necessárias, mas o rejuvenescimento poderia ocorrer, no futuro, através de técnicas que envolvem colonoscopia, enema ou cápsulas, ingeridas por via oral, com os microorganismos presentes na amostra.

Por que preservar amostras do cocô?

Vale explicar que o microbioma intestinal é composta por uma diversa gama de bactérias, vírus, protozoários e fungos que vivem no trato gastrointestinal. A atividade deles é muito benéfica para o organismo e é possível afirmar que a existência humana seria bastante diferente, caso este “ambiente” fosse completamente asséptico.

Hoje, a ciência sabe que mudanças na dieta e de estilos de vida podem alterar a composição do microbioma e, em alguns casos, as alterações têm um efeito negativo, especialmente quando envelhecemos. Algumas evidências científicas associam estas alterações com maior incidência de asma e de diabetes, por exemplo. Recentemente, um estudo brasileiro associou o desequilíbrio no intestino com o maior risco para o Parkinson.

Transplante de microbiota fecal

A ideia é “rejuvenescer o microbioma intestinal humano através de um banco de fezes e transplante autólogo de microbiota fecal, ou seja, coletar amostras de fezes dos hospedeiros em uma idade mais jovem, quando eles estão em ótima saúde, e criopreservar as amostras em um banco de fezes para o próprio uso futuro dos doadores”, explicam os cientistas da Harvard Medical School e no Brigham and Women’s Hospital (BWH), ambas nos Estados Unidos.

Para ser mais preciso, o procedimento é conhecido como transplante autólogo de microbiota fecal (FMT, em inglês). Apesar das evidência preliminares, os autores sugerem que o transplante pode provocar “o potencial de rejuvenescimento do microbioma intestinal humano”. Com isso, algumas doenças poderiam ser evitadas.

Vale a pena rejuvenescer a microbiota intestinal?

“A ideia de ‘renaturalizar’ o microbioma humano decolou nos últimos anos e tem sido muito debatida do ponto de vista médico, ético e evolutivo”, justifica Yang-Yu Liu, coautor do estudo e professor associado de Harvard, para o site Science Focus.

No entanto, “ainda não se sabe se as pessoas em sociedades industrializadas podem obter algum benefício para a saúde ao restaurar seu microbioma a um estado ancestral”, afirma Liu. Caso haja algum benefício, a técnica que envolve guardar amostras de cocô dos mais jovens poderá ser usada no futuro.

“Os FMTs autólogos têm o potencial de tratar doenças autoimunes, como asma, esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal, diabetes, obesidade e até doenças cardíacas e envelhecimento”, pontua Scott T. Weiss, outro coautor do estudo e pesquisador de Harvard. “Esperamos que este artigo leve a alguns testes de longo prazo de FMTs autólogos para prevenir doenças”, completa ele, sobre a lista de evidências que ainda são necessárias para que a prática se popularize.

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