Os rumores de que o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) abriria a mão de disputar a candidatura à Presidência se confirmou na manhã desta segunda-feira (23), quando o tucano anunciou que após a pressão de seu partido desistiria de sua campanha. A cúpula do PSDB chegou a um consenso sobre o apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB).
“Serenamente entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB”, declara Doria.
Em um discurso de aproximadamente dez minutos, o ex-governador disse aceitar “a realidade com a cabeça erguida”.
“Sou um homem que respeita o bom senso, o diálogo e o equilíbrio. Sempre busquei e seguirei buscando o consenso, mesmo que ele seja contrário a minha vontade pessoal. O PSDB saberá tomar a melhor decisão no seu posicionamento para as eleições deste ano”, afirmou.
Embora conformado, Doria foi categórico ao afirmar que o Brasil necessita de uma alternativa para atender aos eleitores que não querem os extremos. “Que não querem aquele que foi envolvido em escândalos de corrupção. E nem aquele que não deu conta de salvar vidas, não deu conta de salvar a economia e que envergonha nosso país em todo o mundo”, disse ele, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL) (PT), os mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto.
Com uma bandeira do Brasil ao fundo, Doria oi aplaudido durante seu discurso pelos presentes e se emocionou ao fim da fala. O tucano estava acompanhado de aliados, da esposa, Bia Doria, e do presidente da legenda, Bruno Araújo, com quem se desentendeu recentemente.
“Há algo maior que a vontade de João Doria ou algo maior que minha vontade, a vontade agora é coletiva. A vontade é o que o Brasil precisa, o Brasil não precisa de mais divisão interna no nosso campo”, disse Araújo.
Ao longo do seu discurso, Doria resumiu sua história na política e sua carreira como empresário, com menções ao pai, João Doria, deputado cassado pelo golpe militar de 1964 e relembrou que saiu vitorioso das três prévias que disputou no PSDB – para disputar a prefeitura de São Paulo, o governo paulista e a Presidência.
Doria aproveitou para cumprimentar Rodrigo Garcia (PSDB), seu vice e atual governo paulista. “Rodrigo será, com muita justiça, reeleito governador de São Paulo.”
A executiva do PSDB deve bater o martelo em torno da candidatura de Tebet em reunião amanhã. MDB, PSDB e Cidadania têm um acordo para lançar uma candidatura única da chamada “terceira via”, bloco político que busca viabilidade para tentar derrotar Lula e Bolsonaro.
Doria chegou a cogitar a judicialização a questão com base no resultado da vitória das prévias vencidas por ele, mas acabou desistindo.
Vencedor das prévias internas do PSDB, em novembro do ano passado, o tucano renunciou ao governo paulista em março na expectativa de sair candidato ao Planalto, mas perdeu apoio e foi preterido na disputa pela vaga. (UOL)