Já estão no ar as campanhas dos partidos e candidatos a deputado, senador, governador e presidente. Ainda não é o horário eleitoral gratuito. Uma delas chama a atenção. É bem feita, tem uma comparação sobre a economia que todo mundo entende, mas o final é catastrófico. Não por culpa do candidato. A mancada é de sua equipe de marketing. Mas certamente o candidato viu antes a campanha, aprovou e autorizou que fosse ao ar.
É o candidato Ciro Gomes, que pretende concorrer à Presidência da República. O anúncio mostra, didaticamente, que a economia brasileira tem altos e baixos. E a compara com o voo de galinha. No encerramento, Ciro diz que o país está cansado de voos de galinha e precisa agora de um voo de águia, mais alto.
E aí vem a mancada: o vídeo mostra um falcão. E o candidato usa uma luva de falcoeiro, de couro, para soltar o animal para voar. Das duas uma – ou o pessoal do marketing não sabe distinguir uma águia de um falcão ou então… onde conseguir uma águia?
Aves de rapina, via de regra, são agressivas. O falcão é domesticável. Em termos. Mas de todas é a ave com mais Jesus no coração. Elas são 550 espécies em todo o mundo – cem só no Brasil. E a águia aludida no comercial do Ciro não é de brincadeira: são aves de rapina de grande porte pertencentes às famílias Accipitridae e Pandionidae. São especialistas na captura de vertebrados terrestres e aquáticos, apresentam boa envergadura, garras bem desenvolvidas e são aves planadoras (utilizam predominantemente o voo planado).
Estão também entre as aves de rapina (família da águia) os gaviões, falcões, corujas, abutres e urubus, além do caracará. No fundo, a ideia foi infeliz. O termo rapina é comumente associado à roubalheira, a subtração do alheio. Se Ciro quer mesmo ser presidente, precisa mandar sua equipe de marketing estudar um pouco. Ou pelo menos aprender a diferenciar um falcão de uma águia. A Mata Ciliar pode ajudar.
Anselmo Brombal – Jornalista
