Com o aumento da ansiedade, muitos buscaram refúgio no álcool e outras drogas. Impacto foi sentido em hospitais da rede pública
Ao mesmo tempo em que a pandemia do novo Coronavírus tomou o mundo, o uso de entorpecentes que retirem a consciência da realidade aumentou. De acordo com dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, no SUS, Sistema Único de Saúde, os atendimentos relacionados ao consumo de alucinógenos cresceram 54% entre os meses de março e junho quando comparado ao mesmo período do ano passado. Além disso, a fonte informou que o consumo excessivo de sedativos e calmantes cresceu 50% no Brasil.
Outros países também sofrem com as consequências do uso indiscriminado de substâncias. Um exemplo é os Estados Unidos. Por lá, o número de overdoses cresceu 42%, de acordo com dados publicados em matéria de dezembro do ano passado na revista Veja.
Por outro lado, na Espanha, o consumo de drogas diminuiu durante o período de isolamento social: de acordo com o Ministério da Saúde do país, 70% da população interrompeu o uso de substâncias.
Ainda assim, não é somente o consumo de drogas ilícitas que pode ser prejudicial. Todos os anos, 3 milhões de pessoas perdem a vida para a bebida, segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde. Por isso, Tiago Casoto, sócio-fundador do Grupo de Reabilitação, alerta que o consumo do álcool não pode ser visto como recreativo em todos os casos.
Segundo dados disponibilizados pela OPAS, Organização Pan-Americana da Saúde, 42% dos brasileiros revelaram ter aumentado o consumo de álcool durante a pandemia. A quantidade média de consumo declarada é de 60 gramas de álcool puro por mês. O valor corresponde, em média, a cinco porções de bebidas alcoólicas padrão.
Ainda citando a pesquisa anterior, foi possível compreender o motivo pelo qual os brasileiros recorrem ao álcool. 73% dos entrevistados apresenta quadro grave de ansiedade, fator que, para os mesmos, acentua a necessidade de consumo.
Diante dos dados, uma constatação preocupa: a grande maioria dos entrevistados não procurou ajuda e, os que tentaram frear o consumo, o fizeram por conta própria. Tiago diz que isso acontece porque poucas vezes o álcool é assimilado a um problema.
“Faz parte da cultura brasileira ingerir bebida alcoólica em comemorações e momentos de descontração. Por isso, demora muito tempo para que um familiar ou amigo perceba que alguém sofre com a dependência. Muitas vezes, o consumo é visto como controlado”, diz. Por fim, Tiago ressalta que o álcool é nocivo à saúde e seu consumo demanda muito cuidado. “Buscar ajuda é importante e pode evitar que a dependência se agrave”, finaliza.