Não se sabe mais o que é certo ou errado; ou o que é bom e o que é ruim. A situação chegou num ponto que chego a pensar se nós, humanos, realmente evoluímos. Pelo jeito não. Em muitas comunidades quem manda são os traficantes, os chamados patrões. No Rio de Janeiro, esses patrões explodem as centrais de internet para obrigar os moradores a assinar seus serviços, a internet pirata.
O mesmo acontece com a distribuição de gás de cozinha, serviço que outrora era feito somente pelas companhias devidamente registradas. Em muitas comunidades cariocas, o gás é vendido pelo patrão. E ai de quem não comprar.
Milícias estão em todos os lugares, colocando a ordem a seu modo. E o mais interessante para essa confusão veio numa frase de uma delegada, do sindicato dos policiais civis, na quinta-feira. A entrevista foi dada à TV Bandeirantes, que relatava uma tentativa de roubo de armas numa delegacia de Tremembé.
Com a maior candura do mundo, essa delegacia afirmou que as delegacias de polícia precisavam de mais segurança. Ora, se uma delegacia precisa de segurança, do que precisamos nós, pobres mortais? O melhor conselho à delegada é contratar alguma milícia – Tremembé não está tão longe do Rio de Janeiro.
Onde tudo isso vai parar é uma incógnita. Há muito o Estado perdeu o controle da situação, seja pela corrupção seja pela ineficácia das leis. Gente presa em flagrante, sequestrando, roubando, matando, continua em liberdade. E quando presa, tem todos os benefícios possíveis.
O mundo retratado em Mad Max está cada dia mais próximo.
Anselmo Brombal – Jornalista
