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sábado, 23 novembro, 2024

Direito à escolha

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Há bares, restaurantes e lanchonetes que seguem o capricho dos donos, não dos clientes. Abusam da paciência, e depois colocam a culpa do fracasso na pandemia, na economia do país e até nos fornecedores. Outros, ao contrário, entendem a preferência da clientela e fazem o possível para mantê-la.

É uma conta simples. Existem centenas, talvez milhares de bares, lanchonetes e restaurantes. O que significa que nós, consumidores, podemos escolher onde ir. E ninguém vai a um desses lugares, num final de tarde, num fim de semana, para sentir-se incomodado e sair de lá mais pilhado do que quando chegou. Basta exercer o direito à escolha – o dinheiro vale a mesma coisa em todos esses lugares.

Há algum tempo encontrei com um dono desse tipo de comércio por acaso. Depois da conversa fiada (como vai? e a família?), fui cobrado: você não tem aparecido por lá há muito tempo, o que houve? Algum problema? Sim, respondi. A frente de seu estabelecimento fica tomado pelos carros dos garçons, e quando a gente chega não tem lugar para parar. Na semana passada passei em frente a esse lugar, por curiosidade. A situação era a mesma.

Um outro comerciante, também encontrado por acaso, me fez a mesma pergunta. Com ele foi mais fácil justificar. É seu preço, respondi. No seu estabelecimento a cerveja custa quase o dobro do que em outros lugares. Um outro, que também abandonei a frequência, tocou no assunto enquanto eu estava no banco. O caso dele pior, e precisei explicar.

Comecei pelos garçons, que tinham (ou ainda têm) o péssimo hábito de se encher de desodorante barato de hora em hora. É uma fedentina insuportável – mistura o suor, o desodorante e a gordura da cozinha. Nem jacaré teria estômago para aguentar essa verdadeira agressão contra a clientela. Mas ele defendeu seus garçons, afirmando que isso era “higiene”. Falei também do volume da música – lá, nos fins de semana, sempre havia um cantor com seu desafinado violão Elétrico.

E expliquei que isso é um fato comprovado. Independentemente do gosto musical de cada cliente (e devo lembrar que sou eclético), há a questão do volume. Via de regra, esse cantor quer ser ouvido, quer que todos prestem atenção em si. Mas os clientes querem conversar. O cantor aumenta o volume do microfone e do violão. Os clientes passam a falar mais alto para serem ouvidos. O cantor aumenta mais ainda, e no fim, os clientes estão gritando para se entenderem. Mas esse comerciante não concordou. Enfim, consegui lhe dizer o porquê de eu haver sumido.

As pessoas não devem ser chatas. É preciso um mínimo de compreensão. Quem vai a um churrasco sabe que após algumas doses todos se tornam cantores – ou cantoras – e é a hora de tocar música sertaneja. Ou sertanoja. Nesse churrasco, é preciso entrar no clima. E se der, até sinalizar com as mãos, acompanhando o ritmo, por mais desafinado que todos estejam. O mesmo acontece quando alguém vai a um lugar onde todos sabem que há zueira. Não dá para ser o chato e exigir silêncio.

O direito à escolha é assim. Você toma uma decisão – ou fica em casa e ouve a música de sua preferência com o volume que lhe agrada, ou vai a alguma dessas filiais do inferno. Ou você paga o que pedem pela cerveja ou compra no mercado e bebe em casa. E quanto aos “higiênicos” garçons de desodorante fedido, é bom lembrar que existe desodorante sem perfume. Também uma questão de escolha.

ANSELMO BROMBAL

Jornalista

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